Mudanças no Congresso: o que esperar para o governo Lula?
Congresso e Lula: desafios e novas alianças: Neste sábado (01/02), o Senado e a Câmara dos Deputados realizam a escolha de seus novos presidentes. A expectativa é que a nova composição mantenha um Legislativo independente e atuante, exigindo maior habilidade de negociação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Com índices de popularidade em queda, segundo a pesquisa Quaest, Lula enfrentará obstáculos para avançar com sua agenda legislativa em 2025. Esse período será essencial para reverter a tendência e fortalecer sua posição para uma eventual reeleição ou apoio a um sucessor em 2026.
Principais desafios e prioridades no Legislativo
Questões econômicas, como a reforma do Imposto de Renda, podem ser aprovadas mediante acordos e concessões. Em contrapartida, temas mais polêmicos, como a regulação das redes sociais, devem permanecer estagnados devido à resistência da oposição.
Os candidatos favoritos para comandar a Câmara e o Senado são o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP). Ambos fazem parte do Centrão, bloco político que tradicionalmente negocia apoio a governos em troca de recursos e cargos públicos.
A candidatura dos dois reúne apoio de lideranças de diferentes espectros políticos, incluindo o PT de Lula e o PL de Jair Bolsonaro, além do respaldo dos atuais presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Impacto da nova liderança para Lula
Hugo Motta tende a ter um relacionamento mais harmonioso com o governo federal do que seu antecessor, Arthur Lira. Entretanto, isso não garante facilidade na aprovação de projetos. Já Alcolumbre, segundo analistas, pode apresentar maior resistência e exigir mais concessões do governo.
Durante coletiva na última quinta-feira (30/01), Lula declarou:
“Não interfiro na eleição do Congresso. Essa é uma decisão dos partidos e dos parlamentares. Quem for eleito, eu respeitarei e buscarei uma relação institucional.”
Orçamento e controle das emendas parlamentares
Um dos pontos centrais da disputa no Congresso é o controle das emendas parlamentares, que somam mais de R$ 40 bilhões anuais. Os parlamentares defendem a continuidade desses recursos para garantir autonomia na destinação de investimentos.
Lucas de Aragão, analista da Arko Advice, explica:
“A principal prioridade dos parlamentares ao eleger seus líderes é a defesa da autonomia legislativa. A manutenção das emendas fortalece essa independência em relação ao Executivo.”
O Supremo Tribunal Federal (STF) avalia a transparência na distribuição desses valores. O ministro Flávio Dino chegou a bloquear repasses, gerando insatisfação no Congresso. Lula indicou que buscará um consenso:
“As emendas fazem parte do orçamento. No entanto, é preciso garantir que esses recursos sejam aplicados em áreas prioritárias como Saúde, Educação e Transporte.”
Popularidade e perspectivas para 2026
A troca no comando do Congresso acontece em um momento delicado para o governo. Pesquisa Quaest divulgada em 27 de janeiro revelou que a desaprovação a Lula chegou a 49%, superando a aprovação, que ficou em 47%.
A perda de apoio no Nordeste, onde sua aprovação caiu de 67% para 60%, preocupa aliados. O secretário Gilberto Kassab (PSD) levantou questionamentos sobre as chances de Lula em 2026 e criticou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad:
“Se a eleição fosse hoje, Lula perderia”, afirmou Kassab em evento em São Paulo.
Lula, por sua vez, minimizou as críticas:
“A eleição só acontece daqui a dois anos. Não há motivo para preocupação agora.”
O peso do Centrão na nova configuração política
Hugo Motta e Davi Alcolumbre fazem parte do Centrão, grupo político que se tornou essencial para a governabilidade. Alcolumbre, ex-presidente do Senado entre 2019 e 2021, se destacou pela habilidade de articular grandes volumes de emendas. Motta, por sua vez, construiu sua trajetória com forte capacidade de negociação.
Ambos contam com apoio de Lula e Bolsonaro, evidenciando o peso do Centrão nas decisões do Congresso. Essa composição busca evitar rupturas políticas e garantir estabilidade legislativa.
Embora a eleição de Motta possa facilitar a tramitação de projetos do governo, sua postura em relação ao controle orçamentário será determinante. Já Alcolumbre, com maior tendência a embates políticos, pode aumentar as demandas de negociação do governo Lula.
Conclusão: o que esperar do novo Congresso?
A nova liderança do Congresso influenciará diretamente os próximos passos do governo Lula. A articulação política será fundamental para aprovar medidas estratégicas e evitar entraves no Legislativo.
Com um Parlamento fortalecido e independente, o Executivo precisará intensificar negociações para avançar com sua agenda. O Centrão seguirá como protagonista, sendo peça-chave na condução do governo nos próximos anos.
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