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quinta-feira, novembro 14, 2024

Seca no Amazonas pode levar à escassez de peixes em Manaus

Preço do pescado já aumenta nas feiras e mercados, dizem consumidores e pescadores

Escassez de peixes em Manaus pode piorar com seca: A forte seca que atinge o Amazonas em 2024 está provocando preocupações sobre a possível escassez de peixes nos mercados de Manaus. Segundo a Federação de Pescadores do Amazonas (Fepesca-AM), a redução no nível dos rios está dificultando o acesso aos locais de pesca, e o impacto já está sendo sentido tanto por consumidores quanto por comerciantes.

Impacto da seca nos pescadores

Na última sexta-feira (20), o Rio Negro em Manaus atingiu a marca de 15,08 metros, de acordo com a medição mais recente. Com a seca severa e a declaração de emergência feita pela Prefeitura de Manaus no início de setembro, muitos pescadores estão encontrando dificuldades para acessar as áreas de pesca tradicionais.

Segundo o presidente da Fepesca-AM, Walzenir Falcão, a situação atual está aumentando os custos operacionais dos pescadores, que precisam navegar para locais mais distantes e menos produtivos. “A água mais quente durante a estiagem afeta o oxigênio dos peixes, o que reduz a produção que chega a Manaus. Isso causa um aumento no preço, regido pela lei de oferta e procura”, afirma Falcão. Ele ainda alerta que o jaraqui, uma das espécies mais populares entre os amazonenses, pode ter um aumento de até 40% nos preços.

O reflexo no mercado

Comerciantes das feiras da cidade já notam a diferença. Luiz Carvalho, de 52 anos, vendedor na Feira da Manaus Moderna, explicou que o frete para trazer peixes está mais caro. “A logística para trazer o peixe até o consumidor encareceu, especialmente com o custo de canoas, carreteiros e gelo”, disse Luiz.

Thiago Queiroz, de 22 anos, que também trabalha na feira, reforça a dificuldade de transporte dos produtos desde o início da seca em julho. “Quando o produto chega até nós, já está caro, e os preços continuam subindo. Antigamente, vendíamos um peixe de 4 quilos por R$70, agora está saindo por R$80”, comentou.

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Dificuldades para o consumidor

Os consumidores também estão sentindo o peso dessa alta nos preços. Célia Amazonas, autônoma de 62 anos, destaca o aumento no preço do peixe, comparando-o até com a carne. “Antes, comprávamos seis unidades de jaraqui por R$10. Hoje, está custando entre R$25 e R$30”, relatou Célia.

Alternativas para mitigar a escassez

De acordo com a economista Michele Aracaty, uma das soluções para contornar a falta de pescado seria a importação de peixes de estados como Rondônia. No entanto, ela alerta que essa medida pode não ser sustentável a longo prazo. “O preço da ração para alimentação dos peixes também está subindo, o que pode impactar ainda mais o preço no futuro”, explicou a economista.

Ela também destacou que a estiagem afeta não apenas a pesca, mas toda a cadeia de produção que depende dos rios para transporte no estado. “A escassez de produtos eleva os preços e afeta diretamente o consumidor final”, afirmou Michele.

Medidas do governo

Em resposta à crise, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) informou que está em fase inicial de estudos para apoiar os pescadores que estão sendo afetados pela estiagem. De acordo com o Idam, o governo está realizando levantamentos para identificar as necessidades dos mais de 60 mil pescadores artesanais que operam no estado.

Entre as medidas propostas estão ações de crédito para que os pescadores possam custear suas atividades e garantir que a produção chegue aos mercados. “Embora a captura de peixes seja facilitada pela baixa dos rios, os desafios logísticos aumentam os preços em algumas regiões”, concluiu a nota do Idam.

Veja Também: Purificadores de Água Chegam às Comunidades do Amazonas Atingidas pela Seca

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