Nos corredores da política nacional, uma iniciativa inédita toma forma à medida que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), revela que estados das regiões Sul e Sudeste se unirão estrategicamente no cenário do Congresso, visando resguardar as bases econômicas de suas unidades federativas. Em uma entrevista recente ao jornal O Estado de S.Paulo, Zema ressaltou o propósito da frente política que está emergindo. Essa unificação ocorre por meio do Consórcio Sul-Sudeste (Cosud), uma entidade que agrega os governadores das duas regiões e que é presidida atualmente por Ratinho Júnior (PSD), do Paraná.
A Força da Cooperação em Busca de Voz Política e Econômica
Em um movimento sem precedentes, a convergência de estados do Sul e Sudeste marca um ponto de inflexão na dinâmica política do Brasil. Romeu Zema destaca o valor da colaboração entre essas unidades federativas, enfatizando que suas diferentes expertise podem ser aproveitadas em conjunto para promover o desenvolvimento e influenciar decisões cruciais no âmbito nacional.
“A cada 90 dias, nós nos encontramos para trabalharmos de forma conjunta. A última reunião foi em Belo Horizonte. Tem muita coisa que um estado faz melhor que o outro”, afirmou Zema. “Também já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político.”
Um Grito de Coesão Diante de Desigualdades Políticas
Zema expõe um contraste evidente ao observar outras regiões do país com representação política mais coesa, mesmo que possuam economias menores. Ele aponta que a fragmentação política no Sul e Sudeste, que juntos representam 56% da população brasileira, resultou em uma perda de influência nas decisões políticas em Brasília, em comparação com regiões de menor dimensão.
“Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos”, declarou Zema.
Fortalecendo Posições Estratégicas
Uma das manifestações concretas dessa frente política ocorreu durante a discussão da proposta de reforma tributária na Câmara dos Deputados. Zema relembra que a proposta original previa um conselho federativo para a gestão do novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), com representação igualitária de cada estado. No entanto, os estados do Sul e Sudeste se posicionaram firmemente, reivindicando uma representatividade proporcional à população.
“Pela primeira vez, um dia antes da reforma tributária ser votada, nós convidamos todos os 256 deputados federais (metade da Câmara dos Deputados) do Sul e do Sudeste. Os do Norte e Nordeste estão muito na nossa frente.”
Um Novo Capítulo na Cooperação Inter-Regional
As reuniões do Cosud estão em andamento desde 2019, porém a formalização dessa entidade ocorreu oficialmente em junho, durante um encontro em Belo Horizonte. A consolidação do consórcio como uma organização oficial, com CNPJ próprio e um escritório de representação em Brasília, demonstra a determinação dos estados do Sul e Sudeste em fortalecer seus laços e ganhar uma voz política mais impactante.
Referência Externa: O Estado de S.Paulo – “Nós queremos protagonismo político”, diz Zema ao anunciar frente do Sul-Sudeste contra Nordeste