Acusações e Indiciamentos
Homicídios e Perigo à Vida: Prevent Senior na Mira do MP; O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou os proprietários Eduardo e Fernando Parrillo, além de membros da alta direção da operadora de saúde Prevent Senior, por homicídio culposo e outros crimes relacionados ao tratamento de pacientes durante a pandemia de Covid-19. Após dois anos e oito meses de investigações, promotores encontraram indícios de que sete pacientes morreram devido a erros e à conduta inadequada dos responsáveis pela empresa.
Crimes Apontados
Os crimes listados na denúncia incluem:
- Homicídio culposo
- Omissão de notificação de doença obrigatória
- Perigo para a vida ou saúde de outro
Em alguns casos, pacientes receberam medicamentos sem consentimento, como a flutamida, um remédio experimental para câncer de próstata. Entre os pacientes listados na denúncia está o toxicologista Anthony Wong.
Investigações e Descobertas
As investigações revelaram que a Prevent Senior distribuía o chamado “Kit Covid”, composto por medicamentos como cloroquina, azitromicina e ivermectina, sem comprovação científica de eficácia. Esses medicamentos foram enviados aos pacientes sem acompanhamento médico adequado. Segundo o MP, mais de 20 mil pacientes, incluindo mulheres e pessoas com problemas hepáticos, receberam a flutamida.
Os promotores decidiram não denunciar os médicos que atuaram diretamente com os pacientes, pois concluíram que esses profissionais não tinham autonomia para impedir os tratamentos ineficazes.
Conclusões das Investigações
A investigação contou com a análise de prontuários médicos, depoimentos de mais de 50 pacientes e familiares, além de profissionais de saúde. Os prontuários foram examinados pelo Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo (Imesc) e por um grupo de médicos do Hospital das Clínicas. Os laudos indicaram que a medicação indevida contribuiu para a morte dos pacientes.
Repercussões e Ações Civis
Além da denúncia criminal, em fevereiro, o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Federal (MPF) e a Promotoria de Direitos Humanos de São Paulo apresentaram uma Ação Civil Pública contra a Prevent Senior, exigindo uma indenização de quase R$ 1 bilhão. A investigação confirmou que a direção da empresa coagia médicos a prescreverem medicações ineficazes.
Prevent Senior e o Kit Covid
Em 2021, a Globonews e a TV Globo revelaram que a Prevent Senior distribuía em larga escala o Kit Covid para milhares de pacientes, incluindo aqueles sem diagnóstico confirmado de Covid-19. Muitos pacientes com contraindicações, como arritmia, também receberam o kit. A empresa divulgou um estudo com mais de 600 pacientes que receberam cloroquina e azitromicina, afirmando que essas medicações reduziam mortes e o tempo de internação. No entanto, a Globonews e a TV Globo mostraram que o estudo omitiu mortes e manipulações de resultados.
Reações e Declarações
Em nota, a Prevent Senior afirmou: “Não foi citada sobre a denúncia do Ministério Público de São Paulo. A empresa sempre respeitou e colaborou com os promotores, mas reitera que seus médicos, funcionários e sócios sempre agiram para atender da melhor forma pacientes e beneficiários e jamais cometeram crimes, o que ficará comprovado no âmbito judicial no exercício do contraditório”.
Arquivamentos
A força-tarefa do MP decidiu arquivar 53 casos, pois não foi possível estabelecer nexo causal entre a medicação imprópria e os óbitos. As famílias dos pacientes podem solicitar a reabertura dos casos à Procuradoria Geral do Estado (PGJ). Além disso, o MP fará uma análise por amostragem de mil prontuários médicos e requisitará a abertura de inquéritos para cada caso similar identificado.
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