Operação do Gaeco revela atuação criminosa dentro da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar
MP investiga milícia na GCM: O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) está à frente de uma série de investigações que expõem a atuação de milícias formadas por integrantes da Guarda Civil Municipal (GCM) e da Polícia Militar em cidades da Grande São Paulo e na capital. As denúncias incluem extorsão, associação ao crime organizado e até lavagem de dinheiro.
Milícia operava na Cracolândia e extorquia comerciantes
As revelações ganharam força com a deflagração da Operação Salus et Dignitas, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em agosto de 2024. A investigação identificou a formação de um grupo miliciano operando na região central de São Paulo, com atuação destacada na Cracolândia.
Segundo o MP-SP, o grupo criminoso extorquia comerciantes, cobrando “taxas de proteção” para permitir a permanência dos estabelecimentos em funcionamento. Além disso, os investigados ofereciam serviços ilegais de segurança privada. O mais grave: havia evidências de associação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que domina o tráfico em diversas regiões do país.
GCM movimentou R$ 4 milhões em seis meses
As investigações apontaram movimentações financeiras incompatíveis com a renda declarada pelos envolvidos. Um dos agentes da GCM chegou a movimentar R$ 4 milhões em apenas seis meses, levantando fortes indícios de lavagem de dinheiro, de acordo com a Promotoria. Armas de grosso calibre também foram encontradas em poder dos suspeitos.
Além dos guardas municipais, policiais militares também foram denunciados formalmente. Eles teriam atuado em conjunto com os GCMs no esquema de extorsão e tráfico de armas.
Denúncias se espalham por outras cidades da região
Casos semelhantes também ocorreram fora da capital. Em Ribeirão Pires, por exemplo, o então secretário de Segurança Pública e um GCM foram condenados por furto de carnes e dinheiro de açougues da cidade em 2018. A condenação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), segundo o site Metrópoles. O MP apontou que o grupo agia de maneira estruturada, configurando uma atuação semelhante à de milícias organizadas.
Já no bairro do Brás, na capital, 16 pessoas foram denunciadas pelo MP-SP, em dezembro de 2024, por extorsão, formação de milícia privada e lavagem de dinheiro. A denúncia envolvia comerciantes e policiais militares que exploravam ilegalmente o comércio local, impondo taxas e ameaças.
Reação das autoridades e próximos passos
O Ministério Público reforça que o combate à infiltração de milicianos em instituições de segurança pública é uma prioridade. Em nota, o Gaeco afirmou que continuará aprofundando as investigações para identificar todos os envolvidos e recuperar os ativos obtidos de forma ilícita.
As autoridades pedem colaboração da população para denunciar práticas suspeitas e reforçam que o anonimato é garantido.
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