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domingo, fevereiro 23, 2025

Lula impõe sigilo de 5 anos sobre negócios da JBS na Venezuela

Governo impõe restrição a documentos sobre negócios dos irmãos Batista na Venezuela, contradizendo promessas de campanha.

Lula impõe sigilo sobre JBS na Venezuela: O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) impôs um sigilo de cinco anos sobre documentos diplomáticos relacionados aos negócios dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da J&F e da JBS, na Venezuela. A decisão foi tomada pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), restringindo o acesso a informações que poderiam esclarecer as negociações entre o governo brasileiro e os empresários no país vizinho.

A medida gerou polêmica e levantou questionamentos sobre a transparência do governo Lula, especialmente porque o presidente foi um dos principais críticos do uso de sigilos em gestões anteriores. Durante a campanha, Lula prometeu acabar com as restrições de acesso a informações públicas e criticou abertamente o sigilo de 100 anos imposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O sigilo foi aplicado a telegramas diplomáticos trocados entre a Embaixada do Brasil em Caracas e o Itamaraty. Segundo o governo, a justificativa para a restrição é que a divulgação dos documentos poderia “prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as relações internacionais do país”.

Negócios da JBS na Venezuela e o sigilo imposto

Os irmãos Batista são donos da J&F, holding que controla diversas empresas, incluindo a JBS, uma das maiores produtoras de carne do mundo, e a Âmbar Energia, que vem expandindo sua atuação no setor de óleo e gás.

Nos últimos anos, a J&F tem buscado investimentos na exploração de petróleo na Venezuela e no Peru. Em abril de 2024, o Ministério de Minas e Energia do Brasil autorizou a Âmbar Energia a negociar a compra de energia elétrica da Venezuela, fortalecendo ainda mais os laços comerciais entre a holding e o governo de Nicolás Maduro.

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A decisão de classificar os documentos diplomáticos como sigilosos foi tomada pela embaixadora do Brasil na Venezuela, Glivânia Maria de Oliveira, e reforça as dúvidas sobre os detalhes das negociações entre as empresas da J&F e o governo venezuelano.

Críticas à falta de transparência

A imposição de sigilo sobre os negócios da JBS na Venezuela gerou críticas de organizações que defendem o acesso à informação pública.

Juliana Sakai, diretora-executiva da ONG Transparência Brasil, afirmou que “este tipo de postura contraria o princípio da publicidade da administração pública, ao retirar do escrutínio público atividades de figuras que já confessaram anteriormente ter pago propina para obter vantagens para os seus negócios”.

A declaração faz referência aos escândalos de corrupção envolvendo a J&F, que, em delações premiadas, revelou pagamentos de propinas a políticos para garantir benefícios em contratos públicos.

Contradição com discurso de campanha

Durante a campanha presidencial de 2022, Lula fez duras críticas ao governo Bolsonaro pelo uso do sigilo de 100 anos em informações governamentais, afirmando que essa prática era usada para esconder dados da população.

Ao assumir o governo, Lula revogou parte desses sigilos, tornando públicos gastos do cartão corporativo de Bolsonaro, processos disciplinares de militares e outras informações que estavam protegidas pela gestão anterior.

No entanto, ao impor sigilo sobre os telegramas diplomáticos ligados aos negócios da JBS na Venezuela, o governo Lula agora enfrenta acusações de incoerência. A promessa de transparência deu lugar à restrição de informações, justificando a decisão com argumentos similares aos utilizados pelo governo anterior.

A postura do governo levanta questionamentos sobre os critérios adotados para decidir quais informações são abertas ao público e quais são protegidas por sigilo. O caso também reacende o debate sobre a influência de grandes empresários nas decisões do governo e o grau de transparência que deve ser garantido à sociedade.

Considerações Finais 

A decisão do governo Lula de impor sigilo de cinco anos sobre documentos diplomáticos ligados aos negócios da JBS na Venezuela representa uma contradição direta com o discurso de campanha do presidente. A medida reforça a percepção de que a transparência governamental pode ser flexibilizada conforme os interesses políticos e empresariais em jogo.

O caso deve continuar sendo alvo de questionamentos, especialmente por parte de entidades que defendem o direito de acesso à informação. A sociedade agora aguarda para ver se o governo manterá a restrição ou se cederá à pressão por maior transparência.

Veja Também: Troca de Comando no Congresso: Como Fica a Relação com o Governo Lula?

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