Discurso na cúpula da Celac defende união latino-americana contra impactos de decisões unilaterais
Lula na Celac: tarifas e união: Durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada em Tegucigalpa, Honduras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente contra as recentes medidas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos. O líder brasileiro criticou abertamente as ações do governo de Donald Trump, que elevaram tarifas contra produtos estrangeiros — incluindo 125% sobre itens chineses — e impuseram uma tarifa provisória de 10% a outros países por 90 dias.
“Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores”, afirmou Lula em sua fala, amplamente repercutida por veículos como CBN e CNN Brasil.
Unilateralismo e instabilidade: o alerta do Brasil à região
Lula advertiu que a América Latina e o Caribe correm o risco de se tornarem zonas de influência em uma nova disputa geopolítica entre potências, caso permaneçam desunidos. A crítica veio num momento de tensão crescente entre EUA e China, com impacto direto nas economias emergentes.
“Quanto mais fortes e unidas estiverem nossas economias, mais protegidos estaremos contra ações unilaterais”, afirmou o presidente.
O líder brasileiro destacou que os países da Celac já movimentam juntos US$ 86 bilhões em comércio anual com o Brasil, superando inclusive o comércio com os Estados Unidos.
Três pilares para uma nova Celac
Democracia, clima e integração econômica estão no centro da proposta de Lula
Lula propôs uma atuação coordenada dos países da Celac em três eixos principais:
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Defesa da democracia e soberania digital: O presidente alertou para os riscos da desinformação e do discurso de ódio nas redes sociais, que colocam em risco as instituições democráticas da região.
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Combate às mudanças climáticas: Ele reforçou o compromisso do Brasil com o Acordo de Paris e destacou a importância da COP30, que será sediada em Belém (PA) em 2025, como marco da liderança regional na pauta ambiental.
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Integração econômica e comercial: Lula defendeu mecanismos financeiros regionais, capazes de reduzir a dependência externa e fortalecer o poder de negociação do bloco frente às potências.
Além disso, o presidente sugeriu que a Celac revise sua atual regra de consenso, que segundo ele “tem gerado mais paralisia do que unidade”, e propôs a criação de um grupo de trabalho para avaliar a reformulação da governança do bloco.
Celac reage às políticas migratórias dos EUA
Líderes criticam deportações em massa e criminalização de migrantes latino-americanos
O debate sobre as tarifas também se estendeu à questão migratória, tema recorrente nas relações com os Estados Unidos. O presidente colombiano Gustavo Petro comparou as deportações a práticas desumanas da história:
“São navios negreiros modernos”, disse ele, referindo-se às condições de transporte de migrantes.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, também se posicionou de forma crítica, afirmando que não aceitará a criminalização dos latino-americanos que migram em busca de uma vida melhor.
O que pode mudar após a Cúpula?
Bastidores indicam articulação para reação conjunta à pressão externa
Nos bastidores diplomáticos, cresce a possibilidade de que a Celac avance em medidas concretas para enfrentar tarifas e sanções unilaterais. Há propostas para ampliar acordos comerciais internos, adotar moedas alternativas ao dólar e pressionar por voz ativa em fóruns multilaterais como a OMC e G77+China.
Nas redes sociais, usuários especulam sobre uma possível reconfiguração da Celac como um bloco econômico mais ativo, com alguns sugerindo um “novo Mercosul ampliado” voltado à resistência regional frente às potências.
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