Ministro confirma que medida fiscal teve aval presidencial antes do anúncio
IOF foi debatido com Lula: O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou neste domingo (25) que o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi debatido diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de sua publicação oficial. A declaração foi feita em entrevista ao jornal O Globo, na qual Haddad reforçou que a proposta passou pela mesa presidencial, desmentindo a hipótese de que a decisão tenha sido tomada exclusivamente pela Fazenda.
Medida gerou reação no mercado e recuo do governo
O decreto assinado por Haddad em 22 de maio previa uma elevação significativa na alíquota de IOF sobre aplicações financeiras no exterior, especialmente para transferências para fundos offshore, passando a incidir uma alíquota de 3,5%. A justificativa do governo era reforçar a arrecadação dentro do novo marco fiscal, aprovado pelo Congresso em 2023.
A reação, no entanto, foi imediata. O mercado financeiro e empresários criticaram duramente a medida, alegando risco à segurança jurídica dos investimentos e fuga de capitais. No dia seguinte ao anúncio, a pressão levou o governo a recuar parcialmente, mantendo a isenção sobre aplicações em fundos no exterior e revogando trechos do decreto.
Haddad diz que decisão de recuo foi técnica
Apesar da repercussão negativa, Haddad negou que o recuo tenha sido motivado por interferência política. Segundo ele, a revogação foi “estritamente técnica” e realizada após consulta a especialistas e conselheiros econômicos. “Foi uma decisão técnica, não discutida com o presidente”, disse o ministro, diferenciando o processo de criação da medida e sua posterior revisão.
Ainda segundo Haddad, a equipe econômica continua estudando ajustes no sistema tributário para ampliar a arrecadação e cumprir metas fiscais, respeitando a competitividade do Brasil no cenário internacional.
Lula acompanha de perto decisões econômicas
A fala de Haddad também reforça que Lula tem atuado diretamente em discussões fiscais e orçamentárias, convocando ministros quando considera necessário. “Tudo o que faço, faço com base nas diretrizes definidas na mesa do presidente. O presidente Lula participa ativamente dessas decisões”, disse o ministro.
O episódio reacende o debate sobre os limites da autonomia do Ministério da Fazenda diante de decisões impopulares e reforça a vigilância do mercado sobre o cumprimento das metas fiscais prometidas pelo governo.
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