Esquema investigado pela Polícia Federal pode ter desviado até R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas com autorizações forjadas
INSS: 473 mil contestam descontos: Mais de 473,9 mil aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contestaram nesta quarta-feira (14) descontos em seus benefícios que não foram autorizados. Os valores, debitados diretamente da folha de pagamento dos segurados, foram atribuídos a supostas filiações a associações e sindicatos — muitos dos quais os beneficiários alegam nunca terem sequer ouvido falar.
De acordo com dados divulgados pelo próprio INSS, os descontos indevidos vêm sendo aplicados por meio de convênios com entidades privadas, que acessam o sistema de consignações da Dataprev. O golpe afeta diretamente a renda de idosos que, em muitos casos, já vivem em situação de vulnerabilidade.
“Eu nunca assinei nada, não autorizei nenhum desconto e só descobri quando fui verificar por que meu pagamento veio mais baixo”, afirmou o aposentado Luiz Soares, de 68 anos, em entrevista à TV Globo.
41 entidades sob investigação federal
A operação “Sem Desconto”, conduzida pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério da Previdência Social e a Controladoria-Geral da União (CGU), mira 41 entidades suspeitas de fraudar o sistema de consignações com uso indevido de dados pessoais. As investigações apontam que os golpes ocorriam por meio da inserção de autorizações falsas no sistema, sem qualquer anuência dos beneficiários.
Estima-se que o prejuízo total pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões, afetando mais de um milhão de segurados ao longo dos últimos anos. Entre as associações investigadas, estão entidades de fachada criadas exclusivamente para viabilizar a prática do golpe.
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou que o governo está revendo todos os contratos com entidades que atuam com consignados:
“É inadmissível que aposentados sejam enganados por estruturas que se aproveitam da fragilidade do sistema. Vamos reforçar a fiscalização e proteger os segurados”, declarou.
INSS cria canal para contestação
O INSS disponibilizou uma ferramenta online para que os beneficiários possam consultar os descontos em seus extratos e registrar contestação imediata. O acesso pode ser feito por meio do aplicativo Meu INSS ou diretamente pelo site oficial.
Caso identifique descontos indevidos, o beneficiário deve solicitar o cancelamento e o reembolso diretamente na plataforma. A devolução, segundo o governo, será automática após análise da documentação.
Nas redes sociais, a revolta é generalizada. Hashtags como #DevolveINSS, #DescontoIlegal e #GolpeNosAposentados figuram entre os assuntos mais comentados. Diversos relatos de famílias denunciam perdas de até R$ 200 por mês com cobranças irregulares.
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