O Que Aconteceu com a Cidadania Italiana no Brasil?
Fim da Cidadania Italiana para Bisnetos: No dia 28 de março de 2025, o governo italiano jogou um balde de água fria nos sonhos de milhões de brasileiros descendentes de italianos. Um decreto-lei aprovado pelo Conselho de Ministros limitou a concessão da cidadania por direito de sangue (jus sanguinis) a filhos e netos de italianos nascidos na Itália, acabando com a possibilidade de bisnetos e gerações mais distantes reivindicarem o passaporte vermelho. A medida, que entrou em vigor na mesma data, pegou de surpresa um mercado que lucrava alto com a busca pela dupla nacionalidade.
Um Corte Radical nas Gerações
Antes da mudança, qualquer pessoa que comprovasse um antepassado italiano vivo após 1861 — ano da unificação da Itália — podia solicitar a cidadania, sem limite de gerações. Isso transformou o Brasil, com seus estimados 30 milhões de descendentes de italianos, em um dos maiores celeiros de novos cidadãos italianos no mundo. Só em 2024, cerca de 20 mil cidadanias foram reconhecidas no país, segundo dados do Consulado Geral da Itália em São Paulo, um salto em relação aos 14 mil de 2022.
Por Que a Itália Tomou Essa Decisão?
A justificativa veio diretamente do ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani. Durante o anúncio, ele criticou o que chamou de “comercialização” da cidadania italiana, exibindo propagandas em português de empresas que ofereciam descontos em serviços de genealogia e trâmites, algumas até com slogans como “Black Friday da cidadania”. “Ser italiano é algo sério, não um passaporte para ir a Miami”, disparou Tajani, segundo a agência de notícias ANSA.
Combate a “Abusos” ou Xenofobia?
O governo de Giorgia Meloni, líder de uma coalizão de direita, defende que a medida visa proteger a identidade nacional e frear supostos abusos. Nas redes sociais, como o X, há quem especule que a decisão reflete uma postura mais rígida contra imigração e globalização, embora o decreto afete principalmente descendentes, não imigrantes diretos. “É um sinal de que a Itália quer cidadãos com laços reais”, escreveu um usuário no X, enquanto outro questionou: “Será que vão exigir teste de DNA no futuro?”
Impacto no Brasil: Um Mercado em Xeque
O Brasil sentiu o golpe imediatamente. Empresas de assessoria, que cobravam entre R$ 5 mil e R$ 20 mil por processo, já relatam quedas drásticas na procura. A Terra Nostra, uma das maiores do setor, informou à Folha de S.Paulo uma redução de 90% nos contatos após o anúncio. “Era um mercado que movimentava milhões por ano”, diz João Silva, especialista em imigração. “Agora, só quem tem pai ou avô italiano nato pode sonhar com isso.”
Números Que Impressionam
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30 milhões: Estimativa de brasileiros com ascendência italiana.
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20 mil: Cidadanias concedidas em 2024 só no Brasil.
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60 dias: Prazo para o Parlamento italiano confirmar o decreto, até maio de 2025.
O Futuro da Cidadania Italiana: Mais Restrições à Vista?
O decreto ainda precisa ser convertido em lei pelo Parlamento italiano, mas, com a maioria favorável a Meloni, especialistas acreditam que será mantido. E não para por aí: o governo já sinaliza novas regras, como exigir que cidadãos mantenham “vínculos reais” com a Itália, como votar a cada 25 anos. “É o fim de uma era”, lamenta Maria Costa, descendente de bisavós italianos que planejava iniciar seu processo em 2025.
O Que Dizem os Brasileiros nas Redes?
No X, o tema divide opiniões. “Justo, cidadania não é mercadoria”, defende um usuário. Outro reclama: “Milhares investiram tempo e dinheiro, e agora? Um tapa na cara.” A especulação é livre, mas o fato é que, para quem não protocolou o pedido até 27 de março de 2025 (19h59, horário de Brasília), a porta se fechou — pelo menos por enquanto.
