Operação “Sem Desconto” revela fraude sistemática com prejuízo de R$ 6,3 bilhões
Fraude no INSS atinge servidores: Uma investigação da Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) revelou um esquema de fraudes bilionárias dentro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O mais alarmante: além de aposentados e pensionistas, os próprios servidores do órgão também foram vítimas do golpe.
Segundo os investigadores, entidades sindicais e associações de fachada aplicaram descontos indevidos em contracheques de beneficiários e funcionários da autarquia sem autorização prévia, utilizando, em muitos casos, assinaturas falsificadas. Estima-se que mais de R$ 6,3 bilhões tenham sido desviados ao longo de cinco anos.
A fraude nos bastidores do INSS
O esquema operava mediante convênios firmados entre o INSS e diversas associações e sindicatos. Esses convênios permitiam a cobrança de mensalidades diretamente na folha de pagamento de beneficiários e servidores. Contudo, as investigações apontam que muitos dos inscritos sequer sabiam da filiação, ou foram coagidos a assinar documentos sem compreensão do teor.
Segundo reportagem da BBC News Brasil, o golpe começou a se intensificar a partir de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, e continuou até os primeiros meses do governo Lula. Um relatório da CGU revela que mais de 30 milhões de lançamentos indevidos ocorreram nesse período.
Servidores também foram vítimas
Além da população em geral, servidores do próprio INSS foram alvos da fraude. Denúncias apontam que esses trabalhadores sofreram assédio moral, descontos não autorizados e até mesmo atrasos salariais devido ao esquema. Em alguns casos, houve relatos de pressão para não denunciarem irregularidades e desvio de função como forma de retaliação.
Uma reportagem da CNN Brasil destaca que servidores relataram o problema desde o governo Temer, mas as denúncias foram ignoradas por sucessivas gestões. A situação se agravou com a entrada de novas entidades conveniadas, muitas delas sem histórico ou estrutura para prestar qualquer tipo de serviço.
Afastamentos e medidas do governo
A Operação “Sem Desconto”, deflagrada pela Polícia Federal em abril de 2024, culminou no afastamento do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e de outros servidores ligados à alta cúpula. O Ministério da Previdência Social anunciou a suspensão de mais de 100 convênios e determinou o reembolso imediato dos valores descontados de forma indevida.
Em nota oficial, o governo federal afirmou que “está comprometido com a responsabilização dos envolvidos e com a restituição dos valores aos servidores e segurados prejudicados”. O ministro Carlos Lupi classificou o caso como “a maior fraude da história da Previdência”.
Próximos passos da investigação
A Polícia Federal segue apurando o envolvimento de dirigentes de associações e empresas ligadas ao esquema. Alguns dos investigados já prestaram depoimento e podem ser indiciados por falsidade ideológica, estelionato contra a administração pública, associação criminosa e corrupção.
Enquanto isso, sindicatos sérios e associações regulares cobram maior rigor na fiscalização de convênios e criticam a falta de controle interno no INSS. A expectativa é que a nova gestão promova uma reestruturação dos processos de autorização de descontos em folha.
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