Leilões do BC e foco no pacote fiscal movimentam o mercado
Dólar cai para R$ 6,12 após leilões do BC: Nesta quinta-feira (19), o dólar caiu 2,32%, encerrando o dia cotado a R$ 6,1216. Após atingir o recorde de R$ 6,30 pela manhã, a moeda americana recuou graças a uma forte intervenção do Banco Central (BC), que realizou dois leilões de venda de dólares totalizando US$ 8 bilhões.
Essa foi a maior intervenção cambial do BC em 25 anos, destacando o esforço para conter a desvalorização do real diante do cenário fiscal e da saída de recursos do país.
Intervenção histórica e declarações do BC
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, justificou a ação afirmando que houve uma saída extraordinária de dólares no final do ano.
“O BC está preparado para atuar novamente se necessário”, destacou Campos Neto.
Além disso, o futuro chefe da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, minimizou preocupações sobre um possível ataque especulativo contra o real.
Cenário fiscal e avanço no Congresso
O mercado também acompanhou com atenção a tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso Nacional. Na tarde desta quinta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria novas regras para o abono salarial e prorroga a desvinculação de receitas da União.
Embora o texto avance, analistas apontam que a “desidratação” de algumas medidas pode limitar o impacto esperado no controle das despesas públicas. O pacote prevê uma economia de R$ 375 bilhões até 2030, mas enfrenta críticas sobre sua eficácia.
Movimentação nos mercados
- Dólar: Fechou a R$ 6,1216, acumulando:
- Alta de 1,44% na semana;
- Ganhos de 2,02% no mês;
- Avanço de 26,15% no ano.
- Ibovespa: Subiu 0,34%, encerrando em 121.188 pontos, acumulando:
- Queda de 2,75% na semana;
- Perda de 3,56% no mês;
- Recuo de 9,69% no ano.
Impacto do Fed e cenário internacional
No cenário externo, os mercados ainda repercutem a decisão do Federal Reserve (Fed), que anunciou um corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos, agora entre 4,25% e 4,50%.
A redução de juros nos EUA pode beneficiar o Brasil, tornando os títulos americanos menos atrativos e estimulando o fluxo de capitais para mercados emergentes. Contudo, a incerteza sobre a política econômica do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, aumenta os riscos inflacionários globais, o que pode pressionar decisões futuras do Fed.
Reflexos e perspectivas
A forte intervenção do Banco Central e os avanços no pacote fiscal devem oferecer alívio temporário ao mercado cambial. No entanto, analistas destacam que medidas adicionais serão necessárias para restaurar a confiança e conter a volatilidade econômica.
O governo enfrenta o desafio de implementar reformas mais estruturais para alcançar o equilíbrio fiscal e controlar o endividamento público nos próximos anos.
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