Moeda americana segue em queda e especialistas apontam os motivos
Dólar em queda para 2025: A alta expressiva do dólar no fim de 2024 deu lugar a uma sequência de recuos no início de 2025. A moeda norte-americana, que iniciou o ano cotada a R$ 6,16, caiu para R$ 5,75 na última terça-feira (4), acumulando uma desvalorização de 6,76% em apenas 12 dias.
Especialistas destacam quatro fatores principais para explicar essa tendência: a política tarifária menos agressiva de Donald Trump, a alta dos juros no Brasil, a estabilidade política interna e a redução do risco geopolítico global.
A postura de Trump e o impacto no mercado
Desde seu retorno à Casa Branca, Donald Trump adotou um discurso mais moderado em relação à China. Durante a campanha, ele prometeu tarifas de até 60% sobre produtos chineses, além de taxas sobre importações do México e do Canadá. No entanto, as medidas aplicadas foram inferiores ao esperado, com um percentual de apenas 10% para produtos chineses.
“Quando Trump grita alto e depois senta para negociar, reduz-se um risco significativo de protecionismo excessivo”, afirma Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
A China, em resposta, aplicou tarifas de 15% sobre o gás natural e 10% sobre o petróleo bruto norte-americano. Entretanto, com a sinalização de diálogo entre as potências, o mercado reagiu positivamente, fortalecendo moedas de países emergentes, incluindo o real.
Juros altos no Brasil favorecem o real
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros para 13,25% ao ano em 30 de janeiro. Essa decisão atrai investidores estrangeiros para o mercado brasileiro, que buscam maior rentabilidade em títulos de renda fixa. A entrada de dólares no país fortalece a moeda brasileira, contribuindo para a queda do dólar.
“Com a inflação pressionada, o Copom deve manter uma postura mais dura, o que reforça o diferencial de juros em relação aos EUA”, explica Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.
Estabilização política e reação do mercado
A frustração do mercado com o pacote fiscal do governo brasileiro, anunciado em novembro de 2024, provocou uma forte valorização do dólar no fim do ano passado. Entretanto, com a previsibilidade das contas públicas e um discurso mais moderado do presidente Lula sobre responsabilidade fiscal, houve um alívio na pressão cambial.
“O real sofreu uma desvalorização exagerada e agora está se ajustando. O mercado percebeu que o governo não deve adotar medidas mais drásticas”, afirma Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos.
Redução do risco geopolítico global
A diminuição das tensões internacionais também contribuiu para o fortalecimento do real. O acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, vigente desde 19 de janeiro, ajudou a reduzir a incerteza global.
Além disso, as negociações entre Donald Trump e Vladimir Putin sugerem uma possível trégua no conflito entre Rússia e Ucrânia, o que impacta positivamente os mercados financeiros.
“A diminuição do risco geopolítico colabora para uma maior estabilidade das moedas emergentes”, conclui Alex Agostini.
Perspectivas para o dólar nos próximos meses
O mercado financeiro segue monitorando as políticas monetárias nos Estados Unidos e no Brasil. Caso o Federal Reserve mantenha os juros elevados por mais tempo, o dólar pode voltar a se fortalecer. Entretanto, com o Brasil oferecendo taxas de juros atrativas e um cenário político mais estável, a tendência é de continuidade do movimento de queda da moeda norte-americana.
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