Aposentados Sofrem com Cortes de Milei e Pobreza Cresce em 2025
Idosos na Pobreza: Efeitos de Milei em 2025: Na Argentina de Javier Milei, os idosos emergiram como um dos grupos mais vulneráveis às políticas de ajuste econômico implementadas desde dezembro de 2023. Com cortes em aposentadorias, redução de subsídios e inflação persistente, a maioria dos aposentados agora vive abaixo da linha da pobreza, enfrentando dificuldades para acessar necessidades básicas como alimentação, moradia e medicamentos.
Contexto das Políticas de Milei
Ao assumir a presidência, Milei prometeu um ajuste fiscal rigoroso para equilibrar as contas públicas e combater a inflação, que chegou a 236% em 2024, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Entre as medidas, estão a desvalorização do peso em 54% e o congelamento de benefícios sociais, impactando diretamente os aposentados, que dependem de rendas fixas corroídas pela alta dos preços.
Impacto nas Aposentadorias
Dados do Observatório Social da Universidade Católica Argentina (UCA) indicam que, no primeiro trimestre de 2025, cerca de 65% dos idosos estavam abaixo da linha da pobreza, um salto em relação aos 29,7% registrados em meados de 2024 pelo Indec. O ajuste nas aposentadorias, que não acompanhou a inflação, reduziu o poder de compra em mais de 30%, conforme relatório do Centro de Economia Política (Cepa). Além disso, o programa PAMI, que fornece medicamentos aos aposentados, cortou benefícios para quem recebe acima de 398 mil pesos (cerca de R$ 1.800), deixando muitos sem acesso a remédios essenciais.
A Realidade nas Ruas
Protestos de aposentados tornaram-se frequentes em Buenos Aires e outras cidades. Em março de 2025, manifestações foram reprimidas com gás lacrimogênio e canhões de água pela polícia, evidenciando a tensão social. “Não consigo pagar aluguel nem comprar comida”, relatou María González, de 72 anos, à BBC News Mundo. Casos como o dela refletem a crise: segundo o Cepa, o consumo de carne bovina, um símbolo cultural argentino, caiu ao menor nível em um século entre os idosos devido aos preços.
Declarações e Reações
O governo Milei atribui a situação à “herança desastrosa” de gestões anteriores. “Evitamos uma hiperinflação que levaria 95% da população à pobreza”, defendeu o porta-voz Manuel Adorni em coletiva. Já a oposição, como o senador Eduardo de Pedro (Unión por la Patria), critica: “O ajuste empobreceu milhões em meses, especialmente os mais velhos.” Especialistas, como Agustín Salvia, do UCA, alertam que a falta de políticas compensatórias agrava o quadro.
Números da Crise
No primeiro semestre de 2024, a pobreza atingiu 52,9% da população argentina, mas entre os maiores de 65 anos, o índice é ainda mais alarmante. Um relatório de março de 2025 do Indec estima que 7 milhões de aposentados (dois terços do total) vivem com menos de US$ 240 mensais, valor da cesta básica. A indigência entre idosos também subiu, afetando 20% desse grupo, contra 8,6% da população geral no terceiro trimestre de 2024, segundo o Conselho Nacional de Coordenação de Políticas Sociais (CNCPS).
Um Futuro Incerto
Embora o governo aponte uma queda na pobreza geral para 38,9% no final de 2024, os idosos não acompanham essa tendência. A eliminação de intermediários na distribuição de recursos, destacada como avanço pelo Ministério do Capital Humano, não beneficiou diretamente os aposentados, que seguem sem reajustes significativos. Para analistas, sem medidas específicas, como aumento real nas pensões, a terceira idade argentina continuará refém da crise.