Operação Cheia 2025 mobiliza ajuda humanitária para mitigar impactos em comunidades ribeirinhas
Cheia no AM Atinge 118 Mil: A cheia dos rios no Amazonas em 2025, um fenômeno sazonal agravado por condições climáticas extremas, já afeta mais de 118,4 mil pessoas em todo o estado, segundo boletim da Defesa Civil do Amazonas publicado em 23 de abril de 2025. O evento, que ocorre anualmente entre março e julho, tem impactado comunidades ribeirinhas, causando inundações, prejuízos agrícolas e dificuldades de acesso a água potável e alimentos. A Operação Cheia 2025, lançada pelo governo estadual, busca minimizar os danos com a distribuição de ajuda humanitária.
Dos 62 municípios do estado, dez estão em situação de emergência, 16 em alerta e 36 em atenção, conforme decretos municipais. A cheia, embora dentro da média histórica em algumas regiões, tem se mostrado severa em áreas como a calha do rio Madeira, onde cidades como Humaitá, Manicoré e Apuí enfrentam os maiores desafios.
Detalhes do Impacto
Municípios em Situação de Emergência
Os dez municípios em estado de emergência são:
-
Humaitá
-
Manicoré
-
Apuí
-
Boca do Acre
-
Guajará
-
Ipixuna
-
Novo Aripuanã
-
Benjamin Constant
-
Borba
-
Atalaia do Norte
Essas cidades, localizadas principalmente nas calhas dos rios Madeira, Juruá, Purus e Alto Solimões, enfrentam inundações severas que comprometeram moradias, plantações e infraestrutura. Em Humaitá, por exemplo, o rio Madeira atingiu 23,49 metros em 27 de março, afetando cerca de 15 mil pessoas, ou 25% da população ribeirinha local.
População Afetada
De acordo com a Defesa Civil, 118,4 mil pessoas, equivalentes a cerca de 29 mil famílias, foram impactadas até 23 de abril de 2025. As inundações atingiram comunidades rurais e urbanas, com ruas transformadas em canais em cidades como Boca do Acre, onde o rio Purus alcançou 19,24 metros em 25 de março. A cheia também comprometeu o acesso a serviços essenciais, como saúde e educação, em áreas isoladas.
Ações da Operação Cheia 2025
Ajuda Humanitária
A Operação Cheia 2025, iniciada em 16 de abril, já mobilizou 160 toneladas de cestas básicas, 600 caixas d’água, 33 mil copos de água potável e seis purificadores do projeto Água Boa para comunidades sem acesso à rede de abastecimento. Em Humaitá, foram entregues 80 toneladas de alimentos (4 mil cestas básicas), 300 caixas d’água e dois purificadores, beneficiando cerca de 26 mil pessoas nos municípios de Humaitá, Manicoré e Apuí.
A mobilização partiu do Porto de São Raimundo, em Manaus, em 18 de abril, coordenada pela Defesa Civil e pelo governo estadual. O governador Wilson Lima anunciou o envio de medicamentos e insumos médicos para as cidades em emergência, com prioridade para Apuí, Boca do Acre, Guajará, Humaitá, Ipixuna, Manicoré, Novo Aripuanã e Atalaia do Norte.
Medidas Locais
Em Humaitá, a prefeitura instalou abrigos temporários, distribuiu água potável, pagou aluguel social e construiu passarelas para facilitar a locomoção. Em Boca do Acre, a Secretaria de Assistência Social forneceu alimentos, e a UBS Fluvial realizou atendimentos médicos e odontológicos. A Defesa Civil Nacional também emitiu alertas de inundações para Humaitá e Manicoré, reforçando o suporte técnico e humanitário.
Contexto Climático e Previsões
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) prevê que a cheia de 2025 será dentro da normalidade na maior parte do estado, exceto na região sul, onde os impactos são mais severos. Em Manaus, o rio Negro atingiu 21 metros em 17 de janeiro, 50 cm acima do mesmo período de 2024, mas sem previsão de superar o recorde de 2021 (30,02 metros). O SGB destaca que as chuvas intensas no início de 2025, após a seca histórica de 2024, contribuíram para a rápida subida dos rios.
Eventos Extremos
A pesquisadora Luna Gripp, do SGB, observa que a Amazônia enfrenta eventos climáticos extremos com maior frequência. Nos últimos 12 anos, o rio Negro registrou nove cheias severas, igualando o número de ocorrências em um século. Fatores como o La Niña e o aquecimento dos oceanos influenciam essas oscilações, agravando os impactos em comunidades ribeirinhas.
Impactos Socioeconômicos
Prejuízos Agrícolas
A cheia comprometeu culturas como banana e mandioca, essenciais para a subsistência de famílias ribeirinhas. Em 2021, prejuízos no setor rural em municípios como Boca do Acre e Ipixuna ultrapassaram R$ 9,5 milhões. Em 2025, a produção de juta e malva na região de várzea também foi afetada, embora a subida das águas tenha facilitado o transporte de produtos em algumas áreas.
Saúde e Infraestrutura
A inundação de hospitais e escolas forçou a improvisação de atendimentos em balsas e barcos-hospitais, como em Careiro da Várzea, onde o hospital local foi transferido para uma balsa do Ipem. A falta de água potável e o aumento de doenças relacionadas à cheia, como diarreia, também preocupam as autoridades.
Declarações Oficiais
Wilson Lima, governador do Amazonas, em 16 de abril:
“A Operação Cheia 2025 é uma resposta imediata para garantir alimentos, água e saúde às famílias afetadas. Estamos monitorando os rios e trabalhando para minimizar os impactos.”
“A Operação Cheia 2025 é uma resposta imediata para garantir alimentos, água e saúde às famílias afetadas. Estamos monitorando os rios e trabalhando para minimizar os impactos.”
Defesa Civil Nacional, em comunicado:
“Humaitá e Manicoré estão em alerta máximo devido à cheia do rio Madeira. Continuamos apoiando com recursos e orientações para proteger a população.”
“Humaitá e Manicoré estão em alerta máximo devido à cheia do rio Madeira. Continuamos apoiando com recursos e orientações para proteger a população.”
Perspectivas Futuras
Embora o pico da cheia esteja previsto para junho, a Defesa Civil mantém monitoramento contínuo por meio do Centro de Monitoramento e Alerta. A estabilização dos níveis dos rios, como observado em Boca do Acre, permitiu que algumas famílias retornassem às suas casas. No entanto, a possibilidade de novas chuvas pode prolongar os impactos, especialmente em áreas já saturadas.
O governo estadual planeja intensificar a entrega de insumos e a construção de infraestrutura temporária, como passarelas e abrigos, enquanto busca apoio federal para custear as ações. A cheia de 2025, embora menos intensa que a de 2021, reforça a necessidade de políticas de adaptação às mudanças climáticas na Amazônia.