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quinta-feira, junho 5, 2025

CGU e PF investigam uso de robôs para aplicar descontos indevidos no INSS. Golpe afetou mais de 9 milhões de aposentados desde 2019.

Esquema tecnológico usava URA e chamadas automáticas para aplicar descontos indevidos em milhões de beneficiários

Golpe com robôs atinge aposentados do INSS: Um esquema sofisticado de fraude contra aposentados e pensionistas do INSS chocou o país após investigações revelarem o uso de robôs para aplicar descontos indevidos nos benefícios de milhões de brasileiros. De acordo com apuração da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal, entidades associativas utilizaram tecnologias de URA digital (Unidade de Resposta Audível) e robocalls para obter vantagem financeira de forma ilegal, afetando diretamente a renda de quem mais depende do sistema previdenciário.

Entre 2023 e 2024, os valores desviados saltaram de R$ 1,3 bilhão para R$ 2,8 bilhões, um aumento de 119%, segundo relatório da CGU. A operação que apura o caso foi batizada de “Sem Desconto” e revelou que as vítimas muitas vezes não tinham conhecimento do motivo dos descontos, tampouco haviam autorizado qualquer filiação ou cobrança.

Como o golpe funcionava: tecnologia a serviço da fraude

O esquema se baseava em chamadas automatizadas — os chamados robocalls — que contatavam os beneficiários do INSS e, ao serem atendidos, direcionavam o cidadão para uma URA digital, onde comandos de voz ou teclas supostamente ativavam processos de filiação a entidades de classe.

Essas “autenticações” eram, na verdade, artifícios para justificar descontos mensais indevidos, registrados como contribuições a associações. A CGU identificou que a maior parte dos aposentados afetados não tinha ciência da adesão nem possuía vínculo com as entidades que cobravam os valores.

Especialistas apontam que, embora a tecnologia da URA seja comum em atendimentos legítimos, neste caso foi manipulada para gerar registros fraudulentos que validassem os débitos no contracheque do INSS.

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Operação da PF identifica até “chupa-cabra” em computadores

Durante o avanço das investigações, a Polícia Federal encontrou dispositivos ilegais instalados em equipamentos do INSS, conhecidos como “chupa-cabra digital”. Os aparelhos tinham como objetivo coletar dados sensíveis de beneficiários para alimentar o sistema de fraudes. Segundo nota oficial do INSS, não houve vazamento em larga escala, e medidas de reforço na segurança foram tomadas imediatamente após a descoberta.

A operação “Sem Desconto” identificou ainda mais de 9 milhões de pessoas afetadas desde 2019, com prejuízos superiores a R$ 6 bilhões, configurando uma das maiores fraudes previdenciárias da história recente do Brasil.

Devolução dos valores e mobilização nas redes

Diante da repercussão, o INSS anunciou que iniciará a devolução dos valores descontados indevidamente entre 26 de maio e 6 de julho. Os beneficiários podem consultar se têm direito por meio do aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135.

Nas redes sociais, o caso causou indignação. Milhares de internautas relataram terem sofrido descontos inexplicáveis nos últimos meses e cobraram punição aos envolvidos. Alguns usuários especulam que há envolvimento de políticos e grandes associações nacionais, mas até o momento, as investigações não confirmaram esses vínculos.

A Anatel também entrou no caso e promete intensificar a fiscalização sobre robocalls e ligações automatizadas que possam estar ligadas a fraudes.

Veja Também: CPI do INSS: Governo e oposição concordam que comissão dificilmente revelará fatos novos

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