Apoiado por federações, médico de Roraima consolida candidatura única à presidência da entidade mais poderosa do futebol brasileiro
Samir Xaud eleito CBF: A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) realiza neste domingo (25/05) a eleição que definirá seu novo presidente para o mandato até 2029. Com apenas um nome no páreo, o médico roraimense Samir Xaud, presidente da Federação de Futebol de Roraima (FFR), deverá ser eleito por aclamação.
A ausência de concorrência não foi por falta de interessados. O cenário eleitoral foi moldado por uma série de manobras políticas, concentração de poder nas federações estaduais e boicote de clubes, que resultaram em uma disputa sem disputa.
Como Xaud conseguiu a vaga única
O estatuto da CBF exige o apoio de ao menos oito federações e cinco clubes das Séries A ou B para que uma candidatura seja homologada. Samir Xaud obteve o endosso de 25 das 27 federações estaduais e de 10 clubes — o que superou com folga a cláusula de barreira, impedindo qualquer outra chapa de se formar.
A rápida articulação surpreendeu possíveis adversários, como Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, que era o favorito dos clubes, mas não conseguiu angariar o apoio necessário em tempo hábil.
Clubes protestam: “processo antidemocrático”
A eleição ocorre sob forte crítica de grandes clubes, como Flamengo, Corinthians, São Paulo e Atlético-MG. Vinte e um clubes, de um total de 40 que compõem o colégio eleitoral, anunciaram que vão boicotar a votação como forma de protesto.
“O que estamos vendo é um processo conduzido de forma pouco transparente e acelerada para impedir uma disputa justa”, disse um dirigente do futebol paulista em condição de anonimato ao portal UOL.
O peso das federações nas eleições
O modelo eleitoral da CBF atribui peso 3 para os votos das 27 federações estaduais, contra peso 2 para clubes da Série A e peso 1 para os da Série B. Isso dá às federações um protagonismo desproporcional no processo, frequentemente criticado por entidades que representam o futebol profissional.
Esse desequilíbrio, segundo especialistas, explica por que os clubes têm dificuldade de emplacar um nome que represente seus interesses.
Quem é Samir Xaud?
Com 41 anos, Samir Xaud é médico e comanda a federação de Roraima desde 2016. Apesar do perfil discreto e pouca notoriedade no cenário nacional, sua boa relação com dirigentes estaduais e ausência de conflitos públicos o tornaram o nome ideal para manter o status quo.
“Tenho o compromisso de dialogar com todos os setores do futebol brasileiro e buscar avanços institucionais com equilíbrio”, declarou Xaud à imprensa após registrar sua candidatura.
Reações nas redes e o que esperar
Nas redes sociais, torcedores e comentaristas apontam que a eleição sem concorrência indica que “nada vai mudar na CBF”, enquanto outros destacam que Samir pode representar uma “nova geração” mais técnica e menos política — embora ainda não tenha demonstrado propostas concretas.
A expectativa é de que ele enfrente forte pressão logo no início do mandato para promover reformas na governança, diálogo com os clubes e maior transparência administrativa.
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