Operação Última Milha Revela Espionagem Ilegal
Espionagem na Gestão Bolsonaro: O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou nesta quinta-feira (11) o sigilo da mais recente fase da Operação Última Milha. Desde 2023, a operação investiga o uso indevido de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e adversários políticos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Lista de Espionados
De acordo com a Polícia Federal, a chamada Abin paralela monitorou diversas autoridades, servidores públicos e jornalistas, incluindo:
- Poder Judiciário: Ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
- Poder Legislativo: Arthur Lira, presidente da Câmara; deputado Kim Kataguiri; ex-deputados Rodrigo Maia, Joice Hasselmann e Jean Wyllys; senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.
- Poder Executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo; servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
- Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
Operações Clandestinas e Fake News
Conforme as investigações, a Abin paralela criou perfis falsos e disseminou fake news. Diálogos entre Giancarlo Rodrigues e Marcelo Bormevet revelaram “possíveis ações clandestinas” contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, com o objetivo de comprometer a credibilidade do sistema eleitoral.
Monitoramento de Familiares de Bolsonaro
O relatório da Polícia Federal indica que a Abin foi usada para monitorar pessoas relacionadas às investigações envolvendo os familiares de Jair Bolsonaro, como Jair Renan Bolsonaro e seus ex-sócios, Allan Lucena e Luís Felipe Belmonte.
CPI da Covid
A Abin teria sido utilizada clandestinamente contra o senador Alessandro Vieira, membro da CPI da Covid. A comissão investigava irregularidades na gestão da pandemia pelo governo Bolsonaro. Diálogos entre Giancarlo e Bormevet mostraram tentativas de desinformar sobre Alessandro Vieira, envolvendo até Carlos Bolsonaro.
Mandados de Prisão e Busca
Na última fase da Operação Última Milha, a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em várias cidades, incluindo Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo. Entre os presos estão Mateus de Carvalho Sposito, Richards Dyer Pozzer, Rogério Beraldo de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Giancarlo Gomes Rodrigues.
Implicações Legais
Se confirmadas, as condutas investigadas podem levar a indiciamentos por crimes como organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático.
Fases Anteriores da Operação
Em outubro de 2023, a Polícia Federal afastou ex-diretores da Abin que atuavam durante a gestão de Alexandre Ramagem. Também foram presos Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Yzycky por coagir colegas a evitar demissões. O software utilizado irregularmente pela Abin era o FirstMile, da empresa israelense Cognyte.
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