Impacto da Seca em Envira, Amazonas
Seca severa causa aumento de preços em Envira: A seca severa que aflige o estado do Amazonas continua a causar estragos, especialmente no município de Envira, localizado na região sudoeste do estado. Segundo um relatório da Defesa Civil municipal divulgado na terça-feira (30), nove comunidades rurais estão isoladas e o comércio local enfrenta um aumento acentuado nos preços devido à escassez de alimentos. Além disso, um poço que atende os moradores da área urbana da cidade secou.
Consequências da Seca para a População
O fenômeno já afeta mais de 10 mil pessoas, resultando em desabastecimento significativo na cidade. Este cenário em Envira é uma prévia do que pode acontecer em todo o estado. O governo do Amazonas prevê que a situação deste ano pode ser ainda pior do que a maior seca registrada na história do estado, ocorrida no ano passado. Até agora, 20 das 62 cidades do Amazonas estão em situação de emergência, com o Rio Negro em Manaus tendo descido 1,61 metros apenas em julho.
O chefe da Defesa Civil, Ismael Dutra, informou que pelo menos nove comunidades rurais estão isoladas, incluindo:
- Comunidade Niterói (Rio Envira) – 56 afetados;
- Comunidade Lago do Zé Anjo (Rio Envira) – 112 afetados;
- Comunidade Aldeia Macapá (Rua Alto Tarauacá) – 509 afetados;
- Comunidade Lago dos Patos (Rua Alto Tarauacá) – 24 afetados;
- Comunidade Brisa (Rua Alto Tarauacá) – 39 afetados;
- Comunidade Aty III (Rua Alto Tarauacá) – 280 afetados;
- Comunidade Igarapé do Rato (Rua Baixo Tarauacá) – 80 afetados;
- Comunidade Igarapé do Repartimento (Rua Baixo Tarauacá) – 100 afetados;
- Comunidade Amarram (Rua Baixo Tarauacá) – 56 afetados.
“Já é visível o surgimento de bancos de areia no trecho do rio Tarauacá em frente à cidade, porém na comunidade foz do Rio Jurupari a situação é mais crítica, a cota é de 90 centímetros. Já houve, inclusive, relatos de naufrágios de embarcações que fazem o transporte de cargas para o município,” diz um trecho do relatório.
Aumento dos Preços e Escassez de Produtos
A seca também tem provocado um aumento significativo nos preços dos alimentos e materiais de construção em Envira. O preço do fardo de farinha, que anteriormente custava R$ 120, agora é vendido por R$ 270. “Frangos congelados aumentaram 25%, verduras, frutas e legumes tiveram aumento de 100%,” explicou Dutra.
Além disso, a escassez de materiais de construção está se tornando um problema. “Tá faltando cimento e ferro. O pouco que tem aumentou em 25%. É uma situação complicada,” comentou o chefe da Defesa Civil.
Um dos seis poços artesianos que atendem a cidade secou, e para suprir as necessidades das comunidades, foi necessário utilizar um caminhão pipa. “Na rede da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama) temos seis poços. Desses, cinco estão em funcionamento e um deles não tem vazão suficiente para abastecer uma das caixas distribuídas na cidade. Estamos em conversa com a Cosama municipal para perfurar mais oito metros e tentar melhorar a situação,” finalizou Dutra.
Medidas de Emergência e Ações Futuras
As previsões indicam que a seca em 2024 pode ser tão severa quanto a de 2023. O governo estadual decretou estado de emergência em 20 municípios situados nas calhas do Juruá, Purus e Alto Solimões. Além disso, foi decretada emergência ambiental devido às queimadas registradas no sul do Amazonas, em Manaus e na região metropolitana. Estes decretos têm validade de 180 dias.
O governo está focado em ações preventivas e de contingência, como abastecimento de água potável, distribuição de insumos e medicamentos, apoio à produção rural, manutenção da rede estadual de educação, ajuda humanitária e dragagem dos rios. Municípios da calha do Juruá, incluindo Guajará, Envira e Ipixuna, já estão recebendo medicamentos e insumos para a saúde. Nas localidades afetadas pela vazante dos rios, o transporte fluvial está sendo prejudicado, agravando ainda mais a situação.