Descarte ilegal de lixo contamina bacia e preocupa autoridades brasileiras
Lixão peruano contamina Amazonas: O município peruano de Islândia, na fronteira com Benjamin Constant (AM), abriga há pelo menos 20 anos um lixão a céu aberto que recebe resíduos domésticos, hospitalares e plásticos sem qualquer tratamento. Localizado às margens do Rio Javari, o descarte ilegal contamina diretamente a água que deságua no rio Solimões, principal via fluvial do Amazonas.
Relatórios da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) apontam níveis alarmantes de coliformes fecais, metais pesados e resíduos sólidos no trecho do Javari próximo a Benjamin Constant. A contaminação ameaça cerca de 50 mil pessoas na região de fronteira, incluindo comunidades indígenas e ribeirinhas.
Impacto direto na saúde da população local
Doenças ligadas ao consumo de água contaminada
A Secretaria Municipal de Saúde de Benjamin Constant registrou aumento de 15% nos casos de diarreia, hepatite A e infecções intestinais nos últimos 12 meses. Moradores relatam que o odor forte, o acúmulo de plástico e até seringas flutuando são comuns na época de vazante.
Segundo a Defesa Civil, há risco de agravamento na cheia, quando o lixo acumulado é carregado para o Solimões, ampliando a área contaminada.
O que dizem as autoridades brasileiras e peruanas
Brasil pressiona o Peru por soluções conjuntas
A Prefeitura de Benjamin Constant confirmou à imprensa que não pode, por lei, receber resíduos sólidos de outro país sem autorização federal. Enquanto isso, o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) abriu um procedimento administrativo para apurar responsabilidades e exigir ações emergenciais de contenção.
Em nota, o Ministério do Meio Ambiente informou que Brasil e Peru discutem a criação de um plano binacional para manejo de resíduos em áreas de fronteira, mas não definiu prazo para execução. O Consulado do Peru em Tabatinga ainda não se manifestou publicamente.
Debate fervente nas redes sociais
Moradores questionam abandono e cobram ação imediata
No X (ex-Twitter), cresce a pressão popular com hashtags como #LixoNoJavari e #SOSAmazonas. Internautas compartilham vídeos mostrando o lixo boiando e questionam a falta de intervenção:
“Estamos bebendo veneno que vem do vizinho, cadê as autoridades?”, escreveu um morador de Tabatinga.
Ambientalistas alertam que, sem estrutura de coleta em Islândia, a poluição pode gerar surtos de leptospirose, dengue e intoxicações alimentares para centenas de comunidades ribeirinhas.
Próximos passos e apelo por ajuda
Projetos ainda são insuficientes para conter desastre
Especialistas da UFAM sugerem a construção de uma estação de tratamento de resíduos no lado peruano e uma barreira de contenção flutuante no Javari. Porém, recursos financeiros e diplomacia ainda travam a execução.
Organizações de defesa do meio ambiente pedem ajuda do governo federal e de ONGs internacionais para frear a poluição antes da próxima cheia, prevista para o início de 2025.
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