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terça-feira, junho 10, 2025

Mauro Cid afirma ao STF que Bolsonaro leu e editou a “minuta do golpe”, mantendo prisão de Moraes no texto.

Ex-ajudante revela que ex-presidente manteve plano de prender Moraes e participou ativamente da elaboração do documento golpista

Cid confirma que Bolsonaro editou minuta do golpe: Em depoimento prestado nesta segunda-feira (10), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, confirmou ao Supremo Tribunal Federal que o ex-presidente leu, alterou e manteve partes da chamada “minuta do golpe”, documento que sugeria medidas para interromper a ordem constitucional e prender o ministro Alexandre de Moraes.

Cid foi o primeiro a depor entre os oito réus do chamado “núcleo duro” da trama golpista, no âmbito da Ação Penal 1028, e detalhou que o rascunho do decreto foi lido e “enxugado” por Bolsonaro, que removeu prisões de outros ministros, mas manteve a de Moraes como parte do plano.

O que dizia a “minuta do golpe”

Documento previa ruptura institucional e intervenção militar

O texto original, segundo Cid, possuía cerca de 12 páginas e incluía medidas radicais:

  • Decretação de Estado de Defesa ou Estado de Sítio;

  • Prisão de ministros do STF, do Congresso e governadores;

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  • Criação de um “conselho de auditoria eleitoral” paralelo ao TSE;

  • Justificativas baseadas em supostas “fraudes eleitorais” e “abuso de poder do Judiciário”.

Ao revisar o texto, Bolsonaro teria pedido alterações e decidido manter apenas a prisão de Moraes como ação “simbólica” e “estratégica” para “restaurar a autoridade presidencial”, segundo relatado por Cid.

Estratégia do golpe envolveu reuniões com militares e civis

Encontros sigilosos aconteceram no Alvorada e no Planalto

Cid também relatou que Bolsonaro discutiu a minuta com ministros militares e aliados próximos, incluindo Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Anderson Torres. As reuniões, segundo ele, ocorreram entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, com objetivo de “avaliar a viabilidade jurídica e operacional do plano”.

Segundo o delator, o documento foi tratado com sigilo e chegou a ser impresso para leitura pessoal do então presidente. Em um dos encontros, Bolsonaro teria dito que “era preciso uma ação drástica, mesmo que isso custasse consequências políticas”.

Reações no meio jurídico e político

Especialistas apontam agravamento da situação de Bolsonaro

Juristas como Marlon Reis e Oscar Vilhena afirmam que o conteúdo do depoimento de Cid coloca Bolsonaro no centro da tentativa de golpe, dando material concreto à PGR para configurar crime contra o Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

Políticos da oposição, como Randolfe Rodrigues (sem partido) e Guilherme Boulos (PSOL), pediram a prisão preventiva do ex-presidente e o imediato avanço do julgamento. Já aliados de Bolsonaro nas redes sociais acusaram Cid de “mentir em troca de delação” e afirmaram que o documento nunca foi assinado ou executado.

O que acontece agora

  • Cid continuará colaborando com as investigações da Operação Tempus Veritatis.

  • Bolsonaro e os demais sete réus serão ouvidos ainda nesta semana.

  • A PGR deve reformular a denúncia com base nas novas revelações.

  • O STF pode agendar o julgamento do mérito ainda no segundo semestre de 2025.

O depoimento foi classificado por fontes do Supremo como “bombástico” e pode representar uma virada no processo que investiga a suposta tentativa de golpe articulada dentro do Palácio do Planalto.

Veja Também: Bolsonaro e aliados sentam no banco dos réus: plano de golpe começa a ser julgado no STF

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