Durante visita à França, presidente foi cobrado por alas do próprio partido e movimentos sociais para romper acordos com Tel Aviv
PT cobra Lula por sanções a Israel após fala sobre Gaza: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta, nesta semana, uma nova onda de pressões internas por parte de alas do PT e movimentos sociais que exigem medidas concretas contra Israel devido à ofensiva militar em Gaza. Durante visita oficial à França, Lula foi abordado por ativistas e representantes de organizações internacionais que cobraram sanções econômicas e diplomáticas ao governo israelense.
Em Paris, o presidente recebeu uma carta assinada por mais de 12 mil pessoas, entre elas artistas como Chico Buarque, Letícia Sabatella, Ney Matogrosso, juristas e acadêmicos. O documento exige o rompimento de acordos militares e a adoção de sanções imediatas contra Israel pelas ações no território palestino.
PT e movimentos sociais elevam o tom contra Tel Aviv
Proposta inclui rompimento diplomático e fim de acordos comerciais
Parlamentares da base petista e movimentos como MST, CUT, Levante Popular da Juventude e a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) defendem que o Brasil rompa relações diplomáticas com Israel, suspenda acordos bilaterais, paralise compras de armamentos israelenses e lidere uma articulação internacional pela responsabilização no Tribunal Penal Internacional (TPI).
Entre os deputados que assinaram moções formais de repúdio estão Reimont (RJ), Jeferson Fernandes (RS) e Luiza Erundina (SP), além de lideranças do PSOL, que reforçam a cobrança por ação mais contundente do Executivo.
Lula fala em “genocídio”, mas resiste a sanções unilaterais
Presidente tenta equilibrar discurso firme e cautela diplomática
Durante evento público com o presidente francês Emmanuel Macron, Lula classificou a ação militar de Israel em Gaza como um “genocídio premeditado”, ampliando o tom crítico que já vinha adotando desde o início da escalada do conflito. O gesto de Lula ao vestir um lenço palestino (keffiyeh) durante o ato em Paris gerou forte repercussão internacional e nacional.
Apesar disso, até o momento o governo brasileiro não adotou sanções formais, limitando-se a ações simbólicas, como o cancelamento da compra de blindados israelenses e a manutenção do posto diplomático em Tel Aviv sem embaixador nomeado desde 2023.
Atos públicos e mobilização devem aumentar nos próximos dias
Movimento pró-Palestina prepara protesto em São Paulo
Um novo ato nacional em apoio à Palestina está marcado para 15 de junho, em São Paulo, com presença de parlamentares, entidades sindicais e coletivos estudantis. O evento pretende pressionar o Palácio do Planalto a assumir uma posição mais firme no cenário internacional.
Nas redes sociais, cresce o uso das hashtags #SançõesJá, #BrasilContraOGenocídio e #LulaAjaAgora, impulsionadas por influenciadores de esquerda e lideranças religiosas ligadas à causa palestina. Do lado contrário, setores mais moderados do governo alertam para risco diplomático e econômico em caso de sanções unilaterais, especialmente no agronegócio e em áreas de cooperação tecnológica.
Análise política: o dilema entre coerência histórica e pragmatismo
Especialistas avaliam custo político de manter neutralidade
Analistas apontam que Lula tenta manter o Brasil como uma voz ativa nos fóruns multilaterais sem se indispor diretamente com aliados comerciais. “Há uma diferença entre condenar e sancionar. O Brasil opta por uma via diplomática mais estratégica”, afirma o cientista político Carlos Fico, da UFRJ.
No entanto, a pressão da base aliada e dos movimentos que apoiaram sua eleição em 2022 coloca o governo em uma encruzilhada. O presidente pode ser cobrado por inércia se medidas mais concretas não forem tomadas nas próximas semanas.
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