Ex-presidente uruguaio falece em Montevidéu após batalha contra o câncer; líderes mundiais lamentam a perda de um ícone da política latino-americana
José Mujica morre aos 89 anos: José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai e símbolo global de integridade política, faleceu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em sua residência rural em Rincón del Cerro, nos arredores de Montevidéu. A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, que prestou homenagem ao líder, destacando seu papel como “presidente, ativista, guia e líder”.
Mujica enfrentava um câncer de esôfago diagnosticado em abril de 2024, agravado por uma doença autoimune. Em janeiro de 2025, ele anunciou publicamente que o câncer havia se espalhado para o fígado e que havia decidido interromper o tratamento, optando por cuidados paliativos em sua residência.
De guerrilheiro a presidente: uma trajetória de luta e resiliência
Nascido em 20 de maio de 1935, Mujica teve uma juventude marcada pela militância no Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, grupo guerrilheiro de esquerda que atuou no Uruguai nas décadas de 1960 e 1970. Preso em 1972, passou quase 15 anos encarcerado, muitos deles em regime de isolamento, durante a ditadura militar uruguaia.
Com a redemocratização do país, Mujica ingressou na política institucional pelo partido Frente Ampla, sendo eleito deputado em 1989 e senador posteriormente. Entre 2005 e 2008, ocupou o cargo de ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca no governo de Tabaré Vázquez. Em 2010, foi eleito presidente do Uruguai, cargo que ocupou até 2015.
Um governo progressista e transformador
Durante seu mandato presidencial, Mujica implementou reformas sociais significativas que posicionaram o Uruguai como referência em políticas progressistas na América Latina. Entre as principais medidas, destacam-se a legalização do aborto no primeiro trimestre, a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e a regulamentação da produção e venda de maconha.
Além disso, seu governo promoveu o uso de energias renováveis e manteve a estabilidade econômica do país. Apesar de críticas relacionadas ao aumento da criminalidade e ao déficit fiscal, Mujica deixou o cargo com uma aprovação popular de 60%.
Um estilo de vida que inspirou o mundo
Conhecido por sua vida simples e desapegada de luxos, Mujica morava em uma pequena chácara com sua esposa, Lucía Topolansky, também ex-guerrilheira e figura política proeminente. Recusou-se a viver no palácio presidencial e doava cerca de 90% de seu salário para instituições de caridade. Seu veículo, um Fusca 1987, tornou-se símbolo de sua humildade.
Essa postura lhe rendeu o apelido de “presidente mais pobre do mundo” e o transformou em uma figura admirada internacionalmente por sua coerência entre discurso e prática.
Repercussão internacional e homenagens
A morte de Mujica gerou comoção e homenagens de líderes e figuras públicas ao redor do mundo. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, referiu-se a ele como “um grande revolucionário e impulsionador da integração latino-americana”. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, destacou sua sabedoria e simplicidade. Pedro Sánchez, presidente do governo da Espanha, afirmou que Mujica “viveu a política desde o coração”.
Artistas e intelectuais também expressaram seu pesar, reconhecendo em Mujica uma fonte de inspiração e um exemplo de liderança ética e humana.
Legado de coerência e esperança
José Mujica deixa um legado marcado pela luta por justiça social, pela promoção de políticas progressistas e por uma vida pautada na simplicidade e na coerência entre palavras e ações. Sua trajetória, de guerrilheiro a presidente, e sua postura ética continuam a inspirar líderes e cidadãos em o mundo.
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