Presidente dos EUA diz que medida visa proteger a indústria cultural americana e evitar “propaganda internacional”
Trump taxa filmes estrangeiros: O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no domingo (4) a aplicação de uma tarifa de 100% sobre todos os filmes estrangeiros exibidos no país. A decisão inclui filmes produzidos inteiramente fora dos EUA, mas também afeta produções de estúdios americanos gravadas em outros países.
Segundo Trump, o objetivo é proteger a indústria cinematográfica nacional, que estaria perdendo espaço para países que oferecem incentivos fiscais a produtoras dos EUA, como Canadá, Reino Unido, Austrália e países da Europa Central.
“Essa é uma questão de segurança econômica e cultural. Estamos enfrentando uma guerra de propaganda e precisamos reagir com força”, declarou Trump à imprensa.
A nova tarifa foi autorizada para aplicação imediata. O Departamento de Comércio dos EUA e o Escritório do Representante de Comércio Americano ficarão responsáveis pela regulamentação.
Hollywood perde espaço e governo reage com tarifa inédita
Estudos recentes mostram que, em 2025, a indústria global de conteúdo audiovisual deverá movimentar cerca de 248 bilhões de dólares. Grande parte dessas produções ocorre fora dos Estados Unidos devido aos altos custos de filmagem em território americano.
A tarifa imposta por Trump busca reverter esse cenário e atrair de volta os grandes projetos para Hollywood. No entanto, a medida também afeta gigantes do setor como Disney, Warner e Netflix, que frequentemente gravam conteúdos fora dos EUA por questões logísticas e fiscais.
Ainda não está claro se a nova regra também valerá para filmes e séries distribuídos por plataformas de streaming. O governo não detalhou se a cobrança será sobre a receita de bilheteria, o custo de produção ou outro critério.
Reações: indústria preocupada e redes sociais em alerta
A Motion Picture Association ainda não divulgou um posicionamento oficial. Entretanto, produtores independentes e distribuidores demonstram preocupação com a possibilidade de retaliações de outros países, o que poderia restringir o acesso de filmes americanos ao mercado internacional.
Nas redes sociais, a medida dividiu opiniões. Enquanto alguns defendem a proteção ao cinema nacional, outros acusam o governo Trump de promover isolacionismo cultural e dificultar o acesso a conteúdos diversos.
“Se a ideia é salvar Hollywood, talvez esteja colocando o público americano em um labirinto de menos opções e mais custos”, comentou a analista cultural Deborah Martin, da Reuters.
O que pode mudar para os consumidores e para o mercado
Se a tarifa for mantida e aplicada de forma ampla, os consumidores americanos podem pagar mais caro por ingressos de filmes estrangeiros ou ver uma redução no número de produções internacionais nos cinemas e nas plataformas de streaming.
A curto prazo, o impacto direto será sobre distribuidoras e estúdios que trabalham com obras filmadas fora dos Estados Unidos. Já a longo prazo, o mercado global pode passar por uma redistribuição de forças, com mais negociações e ajustes entre países.
Especialistas avaliam que a medida pode ser contestada na Organização Mundial do Comércio (OMC), dependendo da forma como for implementada. O governo americano, por sua vez, já deu sinais de que está preparado para defender a tarifa sob o argumento de soberania econômica.
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