Agentes cobravam até R$ 100 mil para não denunciar artistas e influenciadores por promoção de jogos de azar nas redes sociais
Policiais presos por propina SP: São Paulo – Quatro policiais civis de Santo André (SP) foram presos nesta sexta-feira (25) pela Polícia Federal, acusados de integrar um esquema de extorsão contra influenciadores e funkeiros que promoviam rifas ilegais nas redes sociais. A ação faz parte da terceira fase da Operação Latus Actio, iniciada em 2024, e contou com apoio do Ministério Público Federal (MPF) e da Corregedoria da Polícia Civil paulista.
As investigações apontam que os agentes exigiam propinas de até R$ 100 mil para evitar o andamento de inquéritos contra os envolvidos na realização dos sorteios online — atividade considerada ilegal pela legislação brasileira quando não autorizada pela Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda.
Rifas ilegais e chantagem policial
De acordo com a PF, os policiais identificavam artistas e influencers com grande alcance nas redes sociais que promoviam rifas com prêmios como carros, eletrônicos e dinheiro. Ao invés de formalizar o flagrante, os agentes faziam contato direto com os alvos exigindo valores em troca de “esquecerem” o caso.
Os pagamentos ilegais variavam entre R$ 20 mil e R$ 100 mil, conforme a projeção de lucros das rifas ou a popularidade dos envolvidos.
Alvos são funkeiros e influenciadores digitais
Influencers pagavam para continuar vendendo rifas
A operação identificou que, em alguns casos, os próprios artistas procuravam os agentes para negociar os valores a fim de manter as rifas em funcionamento. Os nomes dos influenciadores ainda não foram divulgados oficialmente, mas a PF confirmou que há perfis com mais de 1 milhão de seguidores entre os investigados.
Conversas gravadas e transações rastreadas
A operação se baseia em escutas ambientais e trocas de mensagens obtidas com autorização judicial. Uma das gravações registrou um dos agentes negociando o pagamento em dinheiro vivo dentro de uma viatura descaracterizada.
As investigações foram conduzidas durante mais de oito meses e envolvem pelo menos 14 policiais civis, embora apenas quatro tenham sido detidos até o momento. Os demais estão sendo monitorados.
Repercussão nas redes sociais e medidas da SSP
População cobra punição exemplar
Nas redes sociais, a notícia provocou indignação. Hashtags como #PropinaDaRifa, #PoliciaisCorruptos e #VergonhaNacional ganharam força no X (antigo Twitter). Internautas exigem responsabilização não apenas dos agentes, mas também de quem ofereceu ou pagou propina.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que os quatro policiais foram afastados preventivamente, e que a Corregedoria acompanha o caso em conjunto com o MPF.
“Não há espaço para servidores públicos que usam o cargo para extorquir cidadãos. A conduta é criminosa e será tratada como tal”, diz nota oficial da SSP.
Situação dos envolvidos e próximos passos
Os policiais serão levados a audiência de custódia nas próximas 24 horas. Eles responderão pelos crimes de corrupção passiva, concussão e organização criminosa, com penas que podem ultrapassar 20 anos de prisão.
A PF afirma que a operação continua e novas prisões podem ocorrer a qualquer momento.
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