Ex-ajudante de ordens revelou detalhes sobre articulações golpistas; acordo pode ser revisto
Delação de Cid ameaça Bolsonaro e pode ser revogada: O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tornou-se peça-chave na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-mandatário. Em seu acordo de delação premiada, Cid relatou que Bolsonaro ordenou o monitoramento de Alexandre de Moraes, além de revelar disputas internas sobre um possível golpe de Estado.
Agora, especialistas avaliam que a situação de Cid pode se complicar, caso suas declarações sejam contestadas ou consideradas insuficientes. Se o acordo for revogado, ele poderá ser indiciado, julgado e até mesmo preso. Além disso, sua permanência no Exército está sob risco, uma vez que ele já foi afastado de suas funções.
O que Mauro Cid revelou na delação?
A colaboração de Cid com a PGR trouxe informações inéditas sobre as movimentações do ex-presidente e seu círculo próximo após as eleições de 2022. Entre os principais pontos da delação estão:
- Monitoramento de Alexandre de Moraes: Bolsonaro teria ordenado que Cid acompanhasse os passos do ministro do STF, utilizando o codinome “professora”.
- Disputa sobre golpe de Estado: Flávio Bolsonaro teria sido contra a ideia, enquanto Eduardo Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estariam entre os mais radicalizados, pressionando o então presidente a não aceitar o resultado das eleições.
- Tentativa de interferência nas Forças Armadas: A delação indica que Bolsonaro buscava apoio militar para um possível plano de permanência no poder, mas encontrou resistência entre altos comandantes.
As informações foram fundamentais para embasar a denúncia da PGR, que acusa Bolsonaro de formar uma organização criminosa para atentar contra a democracia.
Cid pode ser preso ou perder seu cargo?
Embora Mauro Cid tenha firmado um acordo de delação premiada, ele não está completamente isento de punições. O acordo previa benefícios, como perdão judicial ou redução da pena, mas caso as autoridades entendam que ele omitiu informações ou não colaborou integralmente, o benefício pode ser revogado.
Além disso, Cid já foi afastado do Exército por decisão do STF. Atualmente, ele está vinculado ao Departamento-Geral de Pessoal do Exército, mas sem exercer função ativa. Sua permanência na força militar depende do desdobramento das investigações e de uma eventual decisão do Alto Comando.
Especialistas apontam três possíveis cenários para Mauro Cid:
- Se o acordo for mantido, ele pode conseguir perdão judicial ou pena reduzida e evitar a prisão.
- Se o acordo for revogado, Cid pode ser indiciado, julgado e condenado a pena máxima pelos crimes investigados.
- Se o Exército decidir afastá-lo definitivamente, ele perderá sua remuneração e o status de militar da ativa.
A decisão final dependerá da análise do STF e da Polícia Federal, que segue investigando novas provas e testemunhos.
Reação da defesa de Bolsonaro
A defesa de Bolsonaro já anunciou que tentará desqualificar as declarações de Mauro Cid, alegando que ele foi coagido a incriminar o ex-presidente. Aliados de Bolsonaro também afirmam que Cid estaria negociando um acordo para salvar sua própria pele, sem apresentar provas concretas contra o ex-mandatário.
Michelle Bolsonaro também negou as acusações, ironizando a delação de Cid:
“Incitando golpe com minha Bíblia?”, disse ela nas redes sociais.
Apesar das tentativas de descredibilizar Cid, os procuradores da PGR afirmam que o acordo foi firmado com base em provas e documentos que corroboram os depoimentos.
Próximos passos do caso
Nos próximos dias, a PGR e o STF devem definir os desdobramentos da denúncia contra Bolsonaro e seus aliados. Caso o Supremo aceite a acusação, o ex-presidente poderá se tornar réu e enfrentar um processo criminal.
Já Mauro Cid segue sob monitoramento e aguarda a decisão final sobre a manutenção de seu acordo e sua posição dentro do Exército.
A expectativa é que novas informações venham à tona à medida que as investigações avancem.
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