Declaração de Bolsonaro contra a Ficha Limpa amplia insatisfação popular
Nem Lula, Nem Bolsonaro: rejeição cresce em ambos: Nos últimos dias, um novo movimento político vem ganhando força nas redes sociais, rejeitando tanto o governo Lula quanto um possível retorno de Jair Bolsonaro ao poder. A campanha “Nem Lula, Nem Bolsonaro” surgiu inicialmente como uma crítica ao governo petista, mas se intensificou após declarações de Bolsonaro contra a Lei da Ficha Limpa, o que gerou indignação entre eleitores que antes o apoiavam por sua suposta defesa do combate à corrupção.
Em um vídeo recente, o ex-presidente afirmou que pretende “acabar com a Lei da Ficha Limpa”, argumentando que a legislação tem sido usada para perseguir políticos de direita. A fala gerou forte reação negativa, especialmente entre eleitores que haviam apoiado Bolsonaro em 2018 devido à sua promessa de endurecimento contra a corrupção.
O impacto foi imediato: perfis que antes apenas pediam o impeachment de Lula começaram a criticar Bolsonaro, acusando-o de ter abandonado suas bandeiras de campanha e agora atuar para flexibilizar punições a políticos condenados. O movimento se espalhou rapidamente, levantando o debate sobre o retrocesso no combate à corrupção e fortalecendo o sentimento de rejeição a ambos os políticos.
Manifestação de março pode consolidar novo cenário político
A crescente insatisfação com Lula e Bolsonaro não se limita às redes sociais. No dia 16 de março, está marcada uma manifestação no Rio de Janeiro que originalmente foi organizada por críticos ao governo petista. No entanto, com a confirmação da presença de Bolsonaro, há temores de que o ato seja “sequestrado” e transformado em um evento de apoio ao ex-presidente.
Líderes do protesto afirmam que a pauta inicial não era pró-Bolsonaro, mas sim um pedido de impeachment de Lula e de repúdio às políticas do governo atual. No entanto, a presença de Bolsonaro pode alterar os rumos do evento, transformando-o em um comício para sua base fiel e desviando o foco da insatisfação com ambos os lados da polarização política.
A entrada do ex-presidente na manifestação também divide os organizadores. Alguns querem manter a mobilização focada na indignação com a corrupção, enquanto outros acreditam que a presença de Bolsonaro pode enfraquecer o movimento. O pastor Silas Malafaia, um de seus principais aliados, confirmou que Bolsonaro participará do ato, o que tem gerado críticas internas.
Bolsonaro repete estratégia da Lava Jato?
A insatisfação de parte dos eleitores bolsonaristas também passa pela percepção de que o ex-presidente traiu compromissos importantes de sua campanha, como o endurecimento no combate à corrupção.
Quando eleito em 2018, Bolsonaro tinha como uma de suas principais bandeiras o apoio à Lava Jato e a defesa de medidas anticorrupção. No entanto, ao longo de seu governo, desmontou a operação ao interferir na Polícia Federal, além de patrocinar medidas que favoreceram políticos investigados. Seu governo também se aproximou do Centrão, grupo político historicamente envolvido em escândalos.
Agora, com sua nova tentativa de enfraquecer a Lei da Ficha Limpa, muitos ex-eleitores temem que Bolsonaro esteja repetindo a estratégia adotada contra a Lava Jato: primeiro defender publicamente o endurecimento das regras, para depois atuar nos bastidores para flexibilizá-las quando conveniente para seu grupo político.
Essa movimentação gerou revolta entre eleitores que antes viam Bolsonaro como um símbolo da luta contra a corrupção e agora o enxergam como parte do sistema que ele prometeu combater.
Pesquisas indicam desgaste de Lula e Bolsonaro
O fortalecimento do movimento “Nem Lula, Nem Bolsonaro” também encontra respaldo em pesquisas recentes. De acordo com levantamento do Datafolha, divulgado em fevereiro de 2025, a aprovação de Lula caiu de 35% para 24%, enquanto a reprovação subiu para 41%.
Bolsonaro, por sua vez, enfrenta dificuldades para recuperar sua base eleitoral desde que foi declarado inelegível até 2030. Embora mantenha um grupo fiel de seguidores, parte de seus ex-eleitores está cada vez mais desiludida com suas posturas políticas.
O crescimento desse movimento reforça o desejo por novas lideranças para as eleições de 2026, com nomes como Romeu Zema (Novo), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Sergio Moro (União Brasil) surgindo como possíveis alternativas.
O futuro da insatisfação política no Brasil
A ascensão da campanha “Nem Lula, Nem Bolsonaro” pode ser um indicativo de mudanças no cenário político brasileiro. Com a crescente rejeição a ambos os líderes, surge um espaço para candidaturas de terceira via, ainda que nenhum nome tenha se consolidado até o momento.
A manifestação de 16 de março pode ser um divisor de águas. Se conseguir manter a independência e a rejeição a ambos os políticos, pode representar o início de um movimento que busca romper com a polarização vigente. Caso seja dominada por bolsonaristas, a insatisfação com Lula pode continuar sendo capitalizada pelo ex-presidente, enfraquecendo a ideia de uma alternativa política real.
O que está claro, no entanto, é que o eleitorado está mais crítico e insatisfeito. O Brasil pode estar caminhando para um novo cenário em que nem Lula, nem Bolsonaro são mais as únicas opções viáveis para o futuro político do país.
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