Clientes enfrentam dificuldades e mercado solar segue em colapso em Minas Gerais
Cemig restringe energia solar e ameaça setor: A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) continua impondo restrições severas à conexão de novos sistemas de energia solar no estado, impactando consumidores e levando ao fechamento de centenas de empresas do setor. A concessionária justifica as limitações com argumentos técnicos como “inversão de fluxo” e “injeção noturna de energia”, mas especialistas apontam que essa política pode estar favorecendo interesses comerciais da própria distribuidora e retardando o avanço das energias renováveis no país.
Em meio a um cenário de crise climática e aumento das tarifas de energia elétrica, a postura da Cemig representa um grave retrocesso para o Brasil e pode criar um perigoso precedente caso outras concessionárias adotem a mesma estratégia.
Restrições seguem travando o setor solar em 2025
Desde 2023, a Cemig tem dificultado a homologação de novos projetos de geração distribuída, proibindo a injeção de energia solar na rede elétrica durante o dia. Essa restrição desmonta o modelo de compensação de créditos, no qual os consumidores utilizam a eletricidade gerada pelos seus painéis solares para reduzir a conta de luz.
Os impactos já são devastadores:
- Mais de 1.200 empresas de energia solar fecharam as portas em Minas Gerais.
- Cerca de 12 mil empregos foram perdidos no setor.
- Consumidores que investiram em energia solar estão vendo seus sistemas se tornarem inviáveis financeiramente.
- O estado, que liderava a geração distribuída no Brasil, agora enfrenta um colapso no setor solar.
Mesmo após a pressão de associações do setor, a Cemig não revogou as restrições e segue aplicando regras que dificultam a conexão de novos sistemas. Enquanto isso, países como Estados Unidos e Alemanha incentivam o crescimento da energia solar, investindo na modernização da infraestrutura elétrica ao invés de barrar a expansão do setor.
O que a Cemig ganha com isso?
Uma questão levantada por especialistas é o conflito de interesse da Cemig ao restringir a entrada de novos sistemas solares. Isso porque a distribuidora possui sua própria empresa de geração distribuída, a Cemig SIM, que compete diretamente com integradores independentes de energia solar.
Diante desse cenário, o Projeto de Lei 671/2024 foi apresentado para impedir que concessionárias de energia elétrica tenham participação no mercado de geração distribuída. O objetivo é evitar que empresas como a Cemig utilizem seu monopólio sobre a rede elétrica para bloquear concorrência e desestimular o avanço da energia solar.
No entanto, o projeto ainda não foi aprovado, e enquanto isso, os consumidores seguem enfrentando barreiras para gerar sua própria energia.
E se outras concessionárias copiarem a Cemig?
O que está acontecendo em Minas Gerais pode se espalhar para todo o país, caso outras distribuidoras de energia adotem medidas semelhantes. Se a prática da Cemig for replicada em outros estados, o Brasil pode enfrentar um apagão na transição energética, freando o crescimento da energia solar e prejudicando tanto consumidores quanto pequenas e médias empresas do setor.
Impactos de uma possível expansão dessas restrições:
- Dificuldade para atingir metas ambientais e compromissos internacionais de redução de emissões de carbono.
- Aumento no custo da eletricidade, já que consumidores perderiam a alternativa de gerar sua própria energia e ficariam reféns das tarifas das concessionárias.
- Freio no crescimento econômico, com a falência de milhares de empresas e perda de empregos em todo o país.
- Desincentivo à inovação e investimentos, afastando empresas que poderiam desenvolver novas tecnologias para o setor.
Enquanto isso, países desenvolvidos investem em redes inteligentes para permitir o crescimento da energia solar, em vez de impor restrições arbitrárias. Se o Brasil seguir no caminho da Cemig, corre o risco de perder a oportunidade de liderar a revolução energética na América Latina.
Consumidores tentam alternativas, mas custos são altos
Com as restrições da Cemig, muitos consumidores têm buscado soluções como sistemas off-grid (desconectados da rede elétrica) e grid zero (que evita a injeção de energia na rede), mas esses modelos são significativamente mais caros.
Tipo de Sistema | Custo Médio | Depende da Concessionária? | Viabilidade Atual |
---|---|---|---|
On-Grid (convencional) | R$ 18.000 – R$ 25.000 | ✅ Sim | ❌ Dificultado pela Cemig |
Grid Zero | R$ 25.000 – R$ 35.000 | ⚠️ Parcial | 🔶 Funciona, mas exige ajustes |
Off-Grid | R$ 50.000 – R$ 80.000+ | ❌ Não | 🔴 Muito caro para maioria |
Muitos consumidores que instalaram sistemas solares acreditando que poderiam gerar economia agora estão presos em um cenário de incerteza, sem saber se conseguirão compensar seus investimentos.
O setor solar vai resistir?
O futuro da energia solar no Brasil depende de uma resposta rápida das autoridades. Sem uma regulamentação clara que limite o poder das distribuidoras sobre a geração distribuída, as restrições da Cemig podem se tornar um modelo replicável em todo o país.
A luta do setor solar agora é por uma legislação que impeça práticas abusivas de concessionárias e garanta a continuidade da energia limpa e acessível para os brasileiros. Enquanto isso, consumidores e empresas seguem lidando com um cenário de incertezas e prejuízos.
A questão que fica é: o Brasil vai permitir que as concessionárias estrangulem o futuro da energia solar, ou tomará medidas para garantir que a transição energética continue avançando?
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