Pedido de substituição no Ministério da Defesa
Bolsonaro rejeita pedido de general para facilitar golpe: No último mês de governo, o então presidente Jair Bolsonaro negou um pedido do general Mario Fernandes para substituir o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O pedido, registrado em mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF), fazia parte de uma tentativa de viabilizar um plano golpista. O episódio veio à tona durante a Operação Contragolpe, que resultou na prisão de Fernandes e outros envolvidos na terça-feira (19).
Em diálogo de 8 de dezembro de 2022, Fernandes expressa sua insatisfação com a postura de Nogueira em avançar com a estratégia para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo as mensagens, o general sugeriu a Bolsonaro que recolocasse o general Braga Netto no cargo.
“Eu falei com o presidente. Porra, cara, sugeri que ele pensasse em mudar de novo o MD [ministro da Defesa]. Bota de novo o general Braga Netto lá. Ele tá indignado e vai ter um apoio mais efetivo,” relatou Fernandes.
No entanto, Bolsonaro rejeitou a ideia, alegando que a substituição poderia ser interpretada como um movimento golpista.
Mensagens revelam estratégia para contestar urnas eletrônicas
Além da tentativa de trocar o ministro, as mensagens de Fernandes detalham um plano para utilizar supostas fraudes nas urnas eletrônicas como justificativa para um golpe. O general mencionou um encontro com um hacker que teria prometido criar um protótipo de código malicioso. A intenção era buscar semelhanças entre esse código e o sistema eleitoral brasileiro.
“Ele disse que até o final da semana ia preparar um código para que o pessoal técnico pudesse buscar semelhanças no código-fonte do sistema eleitoral,” descreveu Fernandes.
A PF afirmou que essas mensagens foram localizadas em dispositivos apreendidos em fevereiro de 2023, durante a operação Tempus Veritatis, que investigava aliados de Bolsonaro.
Prisões na Operação Contragolpe
A Operação Contragolpe prendeu, além de Mario Fernandes, outros membros do núcleo golpista: o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo, o major Rafael Martins de Oliveira e o agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares. As prisões ocorreram em estados como Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e no Distrito Federal.
Os detidos são associados ao grupo conhecido como “kids pretos”, termo usado para designar militares especializados em operações especiais. Segundo a PF, o grupo planejava assassinatos de figuras-chave como Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, visando desestabilizar a ordem democrática.
Contexto e desdobramentos
Os relatos reforçam os indícios de articulação golpista envolvendo figuras próximas ao ex-presidente Bolsonaro. As investigações continuam em andamento, com foco em desvendar o escopo completo das ações planejadas e possíveis conexões com outras autoridades.
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