Desafios nas Relações EUA-China com o Retorno de Trump
Retorno de Donald Trump: A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos traz novos desafios para a China em meio a uma já conturbada relação bilateral. Com um histórico de tensões e medidas econômicas protecionistas, Pequim se prepara para uma possível onda de tarifas e sanções comerciais, que prometem impactar a segunda maior economia do mundo e gerar novos atritos nas cadeias globais de suprimentos.
Tarifas e o Impacto Econômico para a China
Uma das principais preocupações é a aplicação de tarifas de até 60% sobre produtos chineses, uma medida proposta por Trump durante sua campanha. Especialistas, como o economista Larry Hu, preveem que tais tarifas poderiam reduzir o crescimento econômico da China em até dois pontos percentuais. “Essa nova fase da guerra comercial pode desestabilizar o atual modelo de crescimento da China, focado em exportações e manufatura”, alerta Hu.
Além de afetar as economias dos dois países, a escalada de tarifas promete trazer consequências para outras nações integradas às cadeias de produção globais, tornando o cenário ainda mais incerto para os parceiros comerciais.
Incertezas nas Políticas de Trump e a Resposta de Pequim
Apesar do histórico de confrontos, a postura imprevisível de Trump aumenta a cautela da China. Em sua primeira gestão, o republicano oscilou entre elogiar o presidente Xi Jinping e impor sanções, deteriorando a relação bilateral. “Pequim abordará Trump com prudência, sondando sua postura para entender onde pode haver oportunidades de cooperação”, observa Daniel Russel, ex-assessor de política externa dos EUA.
A abordagem da China também inclui uma possível estratégia de ajuste, visando minimizar o impacto de eventuais sanções e tarifas, enquanto explora possíveis brechas de cooperação.
Oportunidades para Pequim em um Cenário de Reajuste Global
A visão transacional de Trump e sua política de “América em Primeiro Lugar” representam uma abertura para Pequim ampliar sua influência, especialmente na Europa e no Sul Global. Tong Zhao, do Carnegie Endowment for International Peace, destaca: “A política tarifária de Trump é vista como impopular na Europa, o que permite à China fortalecer parcerias e consolidar sua presença global.”
Além disso, o distanciamento de Trump em relação a alianças tradicionais, como a Otan, pode representar uma vantagem estratégica para a China, especialmente diante de um cenário de crescente tensão entre Pequim e Washington.
Taiwan e Relações com a Rússia
Outro ponto delicado envolve Taiwan. Trump prometeu maior suporte à ilha, mas sua postura transacional levanta dúvidas sobre o compromisso dos EUA com a defesa de Taiwan. “Pequim pode tentar usar a abordagem negociadora de Trump para buscar concessões estratégicas na questão de Taiwan,” comenta Zhao. Já na relação com a Rússia, uma possível reaproximação entre Moscou e Washington poderia afastar a Rússia da aliança com a China, reconfigurando as dinâmicas de poder na região.
Considerações Finais
A volta de Trump ao cenário internacional projeta um período de incertezas e desafios para a China, que enfrenta um ambiente global de mudanças rápidas e profundas. O governo chinês deve manter uma postura cautelosa e ao mesmo tempo explorar as oportunidades de cooperação e liderança em meio às novas diretrizes de Washington.
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