Situação Crítica dos Rios no Amazonas
Na capital Manaus, o Rio Negro registrou o nível mais baixo da história ao atingir 12,66 metros, superando o recorde anterior de 12,70 metros, alcançado em 2023. A prefeitura interditou a praia da Ponta Negra, um dos balneários mais populares, devido à queda drástica no nível das águas. A seca também afeta as atividades econômicas e cotidianas, com bancos de areia surgindo no porto da cidade, dificultando a navegação e o transporte fluvial.
Impactos da Seca nas Comunidades Ribeirinhas
O carpinteiro Getúlio de Castro, que vive às margens do Rio Tarumã-Açu em Manaus, relata os desafios diários causados pela seca. “Agora, o trajeto que eu fazia em dez minutos está levando duas horas, e em alguns trechos precisamos descer do barco para empurrá-lo, porque o rio simplesmente desapareceu”, explica.
Outro afetado é o empresário Felipe Lopes, que tem um estaleiro na Marina do Davi desde 1994. Ele precisou dispensar seus funcionários devido à falta de clientes, já que a seca impossibilita o transporte de embarcações. “Nunca vi uma seca como esta. O que aconteceu no ano passado foi grave, mas este ano parece ainda pior”, comenta Lopes, evidenciando a gravidade da situação.
A Seca Afeta a Economia e Agricultura
No restaurante de Erick Santos, localizado no Puraquequara, a seca impactou diretamente os negócios. “Nosso faturamento caiu pela metade. Antes, as pessoas vinham para comer e nadar no rio. Agora, tudo está seco”, explica. A falta de insumos básicos como banana e cheiro-verde, além da alta no preço do peixe, também tem prejudicado o comércio local.
Cidades do Interior Também Sofrem
A situação é igualmente grave no interior do estado. Em Tabatinga, o Rio Solimões registrou um nível de -1,99 metros, uma das marcas mais baixas da história. A Defesa Civil local afirma que o rio está descendo cerca de 5 centímetros por dia. Cidades como Coari, Parintins e Humaitá também enfrentam severos impactos causados pela estiagem, que compromete a economia e o abastecimento de água.
Assistência Humanitária
Para amenizar os impactos da seca, o governo do Amazonas distribuiu 2,5 mil toneladas de alimentos e instalou 36 purificadores de água nas áreas mais atingidas. Também foram enviados 700 caixas d’água e 202,2 toneladas de medicamentos para as regiões afetadas. Além disso, cilindros de oxigênio foram distribuídos para várias cidades com o objetivo de garantir a saúde das comunidades.
Causas da Seca
De acordo com o pesquisador Renato Senna, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a seca é fruto de uma combinação de fatores climáticos. “O El Niño, junto com o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, alterou os padrões atmosféricos, reduzindo significativamente as chuvas na nossa região”, explica o especialista.
A seca atual agrava os problemas deixados pela estiagem do ano anterior, mostrando que o Amazonas ainda sofre com os efeitos de fenômenos climáticos extremos.
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