Expulsão do Embaixador Brasileiro na Nicarágua e Resposta Recíproca do Brasil
Brasil Expulsa Embaixadora da Nicarágua: O Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou na quinta-feira (8) a expulsão do embaixador brasileiro Breno Souza da Costa pela Nicarágua. Em resposta à medida tomada pelo governo nicaraguense, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu expulsar a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matu, seguindo o princípio da reciprocidade diplomática.
A decisão do governo brasileiro foi oficializada após uma reunião entre o presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ocorrida na manhã de quinta-feira. A imprensa nicaraguense já havia noticiado a expulsão de Breno da Costa um dia antes, com base em fontes diplomáticas locais.
Contexto da Crise: Celebrações da Revolução Sandinista
O motivo principal para o agravamento das relações entre Brasil e Nicarágua foi a ausência de representantes da embaixada brasileira nas comemorações dos 45 anos da Revolução Sandinista, realizadas em Manágua no dia 19 de julho. O presidente nicaraguense, Daniel Ortega, que participou do movimento sandinista na década de 70, interpretou a ausência brasileira como uma afronta, levando à decisão de expulsar o embaixador brasileiro.
Conforme informações divulgadas pelo Itamaraty, a ausência do embaixador no evento foi justificada pelo congelamento das relações diplomáticas entre os dois países. Essa medida havia sido adotada pelo governo Lula em resposta à prisão de padres e bispos na Nicarágua, em um contexto de repressão contra a Igreja Católica local.
Brasil como Mediador e o Impacto nas Relações Comerciais
O Brasil, nos últimos meses, tentava desempenhar um papel de mediador entre o Vaticano e a Nicarágua, apelando pela libertação dos religiosos presos. No entanto, a situação diplomática se deteriorou com a expulsão do embaixador brasileiro.
Em termos econômicos, as relações comerciais entre os dois países mostram que, de janeiro a julho de 2024, as exportações brasileiras para a Nicarágua somaram US$ 68,4 milhões, enquanto as importações do país centro-americano totalizaram US$ 3 milhões no mesmo período, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Regime Autocrático de Daniel Ortega
A Nicarágua, sob o governo de Daniel Ortega, é classificada como uma autocracia, de acordo com o índice V-DEM, que avalia o estado das democracias ao redor do mundo. Ortega, que foi reeleito para o quarto mandato consecutivo em 2021, enfrenta críticas internacionais por conduzir eleições que foram descritas pelos Estados Unidos como injustas e não livres.
Ortega, ex-guerrilheiro sandinista, governou a Nicarágua inicialmente nos anos 1980, após a queda do ditador Anastasio Somoza na Revolução Sandinista de 1979. Desde seu retorno ao poder em 2007, Ortega tem sido acusado de nepotismo e de instaurar uma ditadura no país. Apesar das críticas, ele defende que seu governo é uma expressão da vontade popular e uma resposta aos “ataques” dos Estados Unidos.
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