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sexta-feira, novembro 15, 2024

Atleta Intersexo no Boxe Gera Controvérsia: Regras e Participação em Paris 2024

A Polêmica Envolvendo Imane Khelif

Atletas Intersexo e Transgênero em Paris 2024; A participação de atletas intersexo e transgênero nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 tem gerado debates acalorados. Para competir na categoria com a qual se identificam, esses atletas precisam provar que não possuem vantagem física injusta. De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), cada federação deve estabelecer suas próprias regras. O caso da boxeadora argelina Imane Khelif, que recentemente venceu a italiana Angela Carini, ilustra bem essa questão.

A Luta e as Fake News

Imane Khelif derrotou Angela Carini em uma luta que durou apenas 46 segundos. Apesar da desistência rápida de Carini, esta afirmou que sua decisão não estava relacionada à identidade de Khelif. No entanto, circularam fake news alegando que Carini abandonou a luta devido a Khelif ser uma atleta transgênero, o que não é verdade.

Declaração do COI

O COI emitiu uma nota afirmando que “toda pessoa tem o direito de praticar esportes sem discriminação”. O comitê esclareceu que ambas as atletas têm competido internacionalmente na categoria feminina por muitos anos e classificou as publicações questionando Khelif como “enganosas”.

Quem é Imane Khelif?

Imane Khelif é uma atleta intersexo, parte de um grupo de pessoas que nasceram com características biológicas que não se encaixam nas normas típicas de corpos masculinos ou femininos. Antigamente, essas pessoas eram chamadas de ‘hermafroditas’, termo que atualmente é considerado ofensivo e incorreto.

Condição Biológica e Participação

Pessoas intersexo, como Khelif, podem ter órgãos genitais femininos, cromossomos XY e níveis de testosterona típicos de corpos masculinos. As regras das federações esportivas determinam se atletas intersexo podem competir. No caso da Associação Internacional de Boxe (IBA), as normas são mais rígidas, impedindo a participação de atletas com cromossomos XY. Entretanto, Khelif pôde competir devido à suspensão da IBA pelo COI em 2023.

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Participação de Atletas Transgênero

A primeira atleta trans a competir nas Olimpíadas foi Laurel Hubbard, levantadora de peso da Nova Zelândia, em Tóquio 2020. No mesmo ano, a seleção feminina de futebol do Canadá contou com Quinn, um atleta transgênero e não binário.

Paris 2024

Para Paris 2024, apenas dois atletas transgênero se classificaram: Nikki Hiltz no atletismo e Quinn no futebol canadense. Ambos são pessoas trans não binárias, o que significa que não se identificam completamente com o gênero masculino ou feminino.

Regras do COI para Participação

Em 2021, o COI lançou uma cartilha com dez princípios para promover a igualdade de gênero e inclusão. Cada federação esportiva é responsável por criar suas regras, e os atletas têm o direito de contestar decisões no Tribunal Arbitral do Esporte. Joana Harper, uma das maiores autoridades no assunto, explica que o documento do COI se baseia no nível de testosterona dos atletas.

Testosterona e Vantagens

Embora muitas federações adotem o nível de testosterona como critério, não há consenso na comunidade científica. Waleska Vigo, pesquisadora da USP, aponta que fatores como mutações nos receptores de testosterona podem influenciar a performance atlética.

Casos Notáveis

Erika Coimbra, ex-jogadora de vôlei, enfrentou dificuldades nas Olimpíadas de Sydney 2000 devido à Síndrome de Morris, que eleva os níveis de testosterona no corpo. Erika teve que provar sua condição de mulher cisgênero.

Debates sobre Vantagens

Joana Harper reconhece que atletas trans podem ter vantagens físicas, mas também enfrentam desvantagens devido à terapia hormonal. Ela argumenta que, assim como atletas canhotos têm vantagens em alguns esportes, a inclusão trans deve ser tratada com a mesma naturalidade.

Categoria Exclusiva para Transgêneros?

Harper afirma que criar uma categoria separada para atletas trans não é viável, especialmente em esportes coletivos. A proporção de atletas trans deve refletir a porcentagem de pessoas trans na população mundial, cerca de 1%.

Conclusão Final

A participação de atletas intersexo e transgênero nos Jogos Olímpicos continua a ser um tema complexo e polêmico. O COI e as federações esportivas têm a responsabilidade de criar um ambiente inclusivo e justo para todos os atletas, garantindo que todos possam competir sem discriminação.

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