Grupo Entra em Recuperação Judicial para Proteger Negócios e Patrimônio
Inconsistências Contábeis e Recuperação Judicial
Uma análise contábil identificou que a Americanas havia contraído financiamentos de compras totalizando aproximadamente R$ 20 bilhões, que não estavam devidamente refletidos na conta de fornecedores em suas demonstrações financeiras. Com a divulgação dessas inconsistências, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial para se proteger das cobranças imediatas de dívidas e garantir a continuidade de seus negócios e proteção de patrimônio.
Descoberta de Fraudes Contábeis
Alguns meses após o anúncio inicial, a situação se agravou. Uma auditoria independente revelou que as inconsistências eram, na verdade, fraudes contábeis. A manipulação de dados contábeis por parte da antiga diretoria da Americanas elevou o valor das inconsistências para R$ 25,3 bilhões.
De acordo com a empresa, diversos contratos de verbas de propaganda cooperada (VPC) foram artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais. Esses contratos eram lançados na contabilidade como forma de reduzir custos, sem que houvesse efetiva contratação de fornecedores para os serviços.
Verbas de Propaganda Cooperada (VPC) e Operações de Risco Sacado
As VPC são recursos fornecidos por grandes fabricantes para incentivar a venda de seus produtos em lojas varejistas, como a instalação de gôndolas específicas ou ações promocionais. No caso da Americanas, bilhões de reais em VPC fictícias foram intencionalmente lançados nos balanços contábeis, segundo a empresa, pelos ex-dirigentes que estavam na gestão até o fim de 2022.
Além disso, foram identificadas operações de risco sacado, que consistiam na antecipação de pagamento aos fornecedores através de empréstimos junto aos bancos. Essas operações, que envolvem o pagamento de juros às instituições financeiras, não foram devidamente registradas na contabilidade, ocultando bilhões em dívidas.
Impacto nas Demonstrações Financeiras e Investigações
A empresa informou que as operações de VPC e financiamentos foram contabilizadas inadequadamente no balanço patrimonial de setembro de 2022 na conta de fornecedores. “Em adição às operações de VPC, e como forma de gerar o caixa necessário para a continuidade das operações das Americanas, a Diretoria anterior da Companhia contratou uma série de financiamentos nos quais a Companhia é devedora perante instituições financeiras, sem as devidas aprovações societárias”, destacou a Americanas em comunicado ao mercado em junho do ano passado.
Ex-diretores da empresa estão sendo investigados pela Polícia Federal (PF). Dois deles, que estavam no exterior, tiveram prisão preventiva decretada em junho, mas os mandados foram convertidos em medida cautelar de retenção para impedir que deixem o país. A investigação segue sob sigilo, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF).
Dívidas e História da Empresa
Conforme o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, divulgado em setembro de 2023, a dívida da Americanas com seus credores, já considerando as inconsistências contábeis, superava os R$ 42 bilhões.
Fundada em 1929 em Niterói, a primeira loja das Americanas oferecia produtos a preços acessíveis. Ao longo dos anos, a empresa se expandiu, tornou-se sociedade anônima e abriu capital na Bolsa de Valores. Nos anos 2000, a Americanas entrou na internet e adquiriu empresas como Shoptime, Ingresso.com e Submarino. Atualmente, o grupo combina lojas digitais, físicas, franquias, fintechs e até varejo de hortifrúti.
Recentemente, a Americanas anunciou o encerramento dos sites de venda Shoptime e Submarino, alinhando-se a uma nova estratégia de negócios focada em uma operação mais ágil, rentável e eficiente.
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