Análise dos Custos e Danos Causados pelas Chuvas no Rio Grande do Sul
Impacto Econômico Generalizado
De acordo com a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), 96% dos empregos industriais foram afetados pelas enchentes. Claudio Considera, pesquisador associado do FGV/Ibre, comparou a situação a um cenário de guerra, destacando o custo pessoal e econômico das perdas: “Do ponto de vista pessoal isso vai ter um custo muito enorme. Quantos anos de trabalho para recuperar essas coisas perdidas?”, disse Considera.
A Importância do PIB Gaúcho
O Rio Grande do Sul possui o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, representando cerca de 6,5% da economia nacional. Portanto, as chuvas devem ter um impacto significativo em escala nacional. A dimensão da catástrofe dificulta a coleta de informações precisas e estimativas sobre a extensão do impacto. “Até parar a chuva, não tem como mensurar”, afirmou Considera.
Setores Mais Afetados
Especialistas indicam que os setores mais impactados são a indústria e a agropecuária. A Fiergs revelou que até o dia 13, nove entre dez indústrias gaúchas estavam localizadas em áreas afetadas pelas chuvas e alagamentos. Isso representa 96,1% do Valor Bruto Adicionado (VAB) industrial, além de 97,1% das exportações da indústria de transformação e 96,9% da arrecadação com atividades industriais.
Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), descreveu a situação como “calamitosa”. No entanto, ele ressaltou que poderia ser pior, já que 84% das lavouras de arroz já haviam sido colhidas antes da crise. O estado é responsável por 70% da produção nacional de arroz.
Medidas do Governo Federal
Para evitar a alta de preços e o desabastecimento de arroz, o governo federal autorizou a importação de 100 mil toneladas do grão. No entanto, essa medida gerou controvérsia. Pereira criticou a decisão, afirmando que a quantidade de arroz disponível era suficiente para atender a demanda.
Previsões para a Economia Nacional
Os analistas concordam que os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul terão repercussões na economia brasileira. O Santander, por exemplo, prevê uma desaceleração significativa na produção industrial do estado, o que poderia resultar em um impacto negativo de até 0,3 ponto percentual no crescimento do PIB nacional em 2024. A corretora Warren Rena e o Santander também elevaram suas estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano em 0,1 ponto percentual devido ao potencial aumento nos preços dos alimentos.
Impacto na Agricultura e Exportações
As perdas na agricultura devem refletir na inflação. “Dada a importância da produção de arroz do Rio Grande do Sul no total do Brasil, a gente entende que uma alta de 20% no atacado pode acontecer nesse curto prazo”, disse Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena. O impacto pode durar até o fim do ano devido à falta de uma nova safra a tempo de normalizar a produção e os preços.
Fabio de Andrade, economista e professor da ESPM, sugere que o governo pode mitigar os impactos usando estoques reguladores. O plano do governo inclui subsidiar parte das compras para segurar os preços, mantendo o preço do pacote de cinco quilos abaixo de R$ 20.
Considerações Finais
O Rio Grande do Sul também desempenha um papel crucial na exportação de soja, principalmente para a China, o maior parceiro comercial do Brasil. Considera, do Ibre/FGV, vê um impacto significativo na balança comercial: “Não vai continuar o ‘mar de rosas’ que foi no primeiro trimestre, no próximo devemos sentir os efeitos e deve vir um resultado mais abaixo”, concluiu.
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