Encontro no Palácio da Alvorada
Nesta quarta-feira (2), o hacker Walter Delgatti Neto, detido pela Polícia Federal (PF), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o questionou sobre a possibilidade de invadir uma urna eletrônica. O encontro teria ocorrido no Palácio da Alvorada, em Brasília, onde Bolsonaro perguntou a Delgatti se seria viável acessar a urna eletrônica com o código-fonte em mãos. A declaração do hacker foi citada na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação desta quarta-feira.
Hacker foi pago por assessores de Zambelli
Delgatti, que está sob prisão preventiva, enfrenta acusações não só pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas também por atividades criminosas no sistema do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões. A Polícia Federal revelou que o hacker recebeu ao menos R$ 13,5 mil de assessores da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Renan Goulart, ex-secretário parlamentar em 2019, teria repassado R$ 10,5 mil, enquanto Jean Guimarães Vilela, em 2023, teria contribuído com R$ 3 mil.
29/06/2023
Operação 3FA e outras acusações
De acordo com a Polícia Federal, os crimes aconteceram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando foram inseridos no sistema do CNJ, e possivelmente em outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por diversos motivos, além de um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A “Operação 3FA” foi nomeada em referência ao “autenticação de dois fatores (2FA)”, método de segurança que requer duas formas de identificação para acessar recursos e dados. O “3FA” representa o terceiro fator, ou seja, a própria operação.
Reação de Carla Zambelli
Após a deflagração da operação, a deputada Carla Zambelli emitiu uma nota à imprensa manifestando surpresa e destacando que seu advogado, Daniel Bialski, está à disposição para fornecer todas as informações necessárias, ressaltando que a parlamentar sempre cooperou com as autoridades. Zambelli afirmou respeitar a decisão judicial, porém, negou qualquer envolvimento em atividades ilícitas e confia que sua inocência será comprovada ao longo das investigações.
Comentário do ministro da Justiça
O ministro da Justiça, Flávio Dino, fez um comentário em suas redes sociais sobre a operação, sem citar nomes, enfatizando que a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relacionados a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, dentro do contexto de ataques às instituições.
A operação 3FA continua em curso, e as investigações estão em andamento para esclarecer todas as circunstâncias e responsabilidades envolvidas nos incidentes relatados.